quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Aluguel de Alcântara ameaça programa espacial brasileiro

Ciência & Tecnologia  🚀

Esse polêmico projeto de arrendamento do CLA com base em um projetado faturamento de R$ 140 milhões por ano, um pouco mais de R$ 10 milhões por mês, parece incompatível com o plano de negócio necessário para o Brasil ter competitividade na área espacial. Nesse sentido, ao se considerar o mercado, o produto e estratégia geopolítica, com prudência para evitar que o desejo de crescer exerça efeito perverso sobre a estratégia. Essa reflexão necessária talvez mostre ser conveniente iniciar a análise de mercado pelo Mercosul.

Portogente
foto - ilustração/arquivo
A correta afirmação do major-brigadeiro Luiz Fernando de Aguiar, presidente da Comissão de Coordenação de Implantação de Sistemas Espaciais, para quem “o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) é uma mina de ouro”, convém promover ações que evitem postergar ainda mais o Brasil buscar a recuperação do seu programa espacial. Criado na década de 40, em 2003 sofreu duras perdas, quando explodiu na rampa de lançamento o Veículo Lançador de Satélite (VLS), e morreram 21 pessoas, técnicos, militares e engenheiros.
Esse polêmico projeto de arrendamento do CLA com base em um projetado faturamento de R$ 140 milhões por ano, um pouco mais de R$ 10 milhões por mês, parece incompatível com o plano de negócio necessário para o Brasil ter competitividade na área espacial. Nesse sentido, ao se considerar o mercado, o produto e estratégia geopolítica, com prudência para evitar que o desejo de crescer exerça efeito perverso sobre a estratégia. Essa reflexão necessária talvez mostre ser conveniente iniciar a análise de mercado pelo Mercosul. Posto que a pesquisa na engenharia espacial pode atender a muitas e urgentes demandas regionais.
O sucesso do projeto da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) confirma que é possível o Brasil competir globalmente no mercado de tecnologia de ponta. Não se pode duvidar mais que a tecnologia espacial vai expressar a competitividade deste milênio. Para participar dessa corrida com posição exclusiva e valiosa, o CLA tem uma situação diferente e vantajosa daquelas dos países rivais. Tempo e combustível são componentes sensíveis nesse negócio, assim como a soberania nacional nas estratégias do programa aeroespacial. Como condição operacional, por sua localização privilegiada na linha do Equador, é mais ágil lançar foguetes de Alcântara.
Quando se fala de pesquisa, desenvolvimento e inovação na cadeia de produção aeroespacial a abordagem abrange múltiplas atividades, da defesa e segurança à agricultura e medicina, bem como tantas outras onde se aplique tecnologia de ponta. O controle e segurança do Planeta Terra, por exemplo as áreas de desmatamento e tempestade, vêm sendo realizados, cada vez mais, por satélites.
A tecnologia espacial tornou realidade o GPS e o famoso aplicativo Waze. O domínio de toda essa tecnologia, do projeto, fabricação, lançamento e navegação dos foguetes e satélites, é estratégico. Ironicamente, a vantagem do aluguel da CLA pode parecer um bom negócio. Na realidade que se chega por análise ampla, a verdade é exatamente o contrário.
O imperativo de se resguardar a soberania do País exclui a possibilidade de se tratar e definir uma solução no governo Temer sobre o uso do CLA por paises estrangeiros. Para dizer o mínimo, falta-lhe representatividade e confiabilidade. Promover uma democratização institucional para debater o programa espacial brasileiro, garante a necessária participação dos setores ditetamente interessados.
O Centro de Lançamento de Alcântara é nosso.
Fonte - Portogente  20/09/2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito