PALESTINA

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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Manifestantes dizem não ao projeto do BRT de Salvador

Mobilidade/Sustentabilidade  🚌🌴

O ato nesse domingo protesta contra os impactos ambientais e urbanísticos do projeto de BRT mais caro do Brasil.A mobilização, surgida nas redes sociais, vai reunir pessoas e entidades preocupadas com o impacto ambiental, urbanístico e financeiro do BRT proposto pela Prefeitura de Salvador, com previsão de custo de R$820 milhões.

Ascom Gambá*

O projeto do BRT de Salvador tem encontrado fortes reações negativas na sociedade e vai ser alvo de protesto esse domingo (22). Manifestantes prometem se concentrar a partir das 9h no canteiro central da Avenida Antônio Carlos Magalhães, na altura do Hospital Aliança, onde estão algumas das árvores centenárias que a obra vai destruir. A mobilização, surgida nas redes sociais, vai reunir pessoas e entidades preocupadas com o impacto ambiental, urbanístico e financeiro do BRT proposto pela Prefeitura de Salvador, com previsão de custo de R$820 milhões. 
Um abaixo assinado do Movimento Salvador Sobre Trilhos contra a o corte de 579 árvores previsto na implantação do projeto já recebeu mais de 42 mil assinaturas e a mobilização vem crescendo conforme os tapumes para a obra se instalaram. "Moro na Cidade Jardim, cheguei de viagem, vi essa placa e tudo cercado, tomei um susto. Nesse dia nem consegui dormir e fiquei pensando em como conseguiríamos barrar esse absurdo. Já tinha ouvido falar sobre o BRT, mas não imaginava que já estava tão avançada a implantação. Postei sobre isso em minhas redes, vi que já haviam pessoas mobilizadas e procurei contato. O que me moveu primeiramente foi a questão das árvores, mas depois fui vendo que é muito mais grave, com o tamponamento dos rios. É uma atrocidade que estou vendo da minha janela", relata a estudante de cinema da UFRB, Claudia Ferrari.

Projeto controverso
A prefeitura está iniciando a obra pelo trecho entre o Parque da Cidade e o Iguatemi, na segunda fase será feita a ligação entre o parque da cidade e a Lapa, completando a ligação Lapa-Iguatemi. A intervenção tem sido criticada duramente por urbanistas e técnicos da área de mobilidade. Paulo Ormindo declarou ao Portal Metro 1 que a concepção da obra é atrasada: "Hoje, no primeiro mundo, na Europa, nos Estados Unidos, você tem linhas de ônibus expressas que correm numa faixa exclusiva, mas que não precisa fazer viadutos.Essa solução, tal como está concebida [em Salvador], na verdade está ultrapassada", explicou o professor da UFBA. 
Para Luis Prego Brasileiro, do Movimento Salvador Sobre Trilhos, o projeto do BRT está voltado, na verdade, ao transporte individual. Ele explica que os viadutos e elevados do projeto, que representam quase 50% do custo da obra, serão compartilhados com carros, criando uma via expressa entre a Lapa e o Iguatemi. O problema que tem sido apontado por urbanistas é que elevados e viadutos dificultam a vida de pedestres e criam espaços degradados na cidade, desvalorizando imóveis, gerando ruído e poluição e criando áreas sombreadas que viram focos de violência. Os casos dos elevados da Avenida Perimetral, no Rio de Janeiro, e do Minhocão, em São Paulo, são emblemáticos e causaram notória degradação no seu entorno. A primeira foi demolida e, no Minhocão, estuda-se a implantação de um parque urbano.
Carl Von Houenschild, do Instituto dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil, também aponta que o projeto não foi suficientemente discutido com a sociedade, que entidades têm solicitado o projeto final sem sucesso e não se sabe como será feita a passagem do BRT pelo Dique do Tororó, patrimônio cultural e paisagístico de Salvador. Segundo ele, o Iphan ainda não foi consultado sobre a obra.

Impactos ambientais
A implantação do projeto do BRT será feita nos canteiros centrais das Avenidas Vasco da Gama, Juracy Magalhães Jr e Antônio Carlos Magalhães. Nas duas últimas existem hoje áreas verdes, com árvores centenárias, e correm os remanescentes do rio Camarajipe e o rio Lucaia. Ambos teriam trechos revestidos e tamponados. Além da destruição dos rios que já é grave por si só, há o risco de agravar os alagamentos que já ocorrem na área. "Havendo cobertura, os rios são enclausurados, fecha superiormente o espaço para o escoamento das águas, ao que se somam os esgotos que eles recebem. Essa estrutura de tamponamento também permite menos acesso. O lixo e o assoreamento, que certamente vão continuar existindo enquanto isso não for tratado a sério, ao se acumularem nos trechos canalizados, terão que ser criados acessos para fazer a limpeza, o que fica bem mais difícil e oneroso. Ainda mais oneroso do que a dragagem que é feita para desobstruir os rios e canais quando ainda abertos, o que já é um absurdo", explica Lafayette Luz, professor especialista em águas da UFBA.
Também é intensamente criticado o corte de 579 árvores dos canteiros centrais, algumas centenárias, em uma das poucas áreas verdes restantes em Salvador. A prefeitura de Salvador tem divulgado que o número de árvores erradicadas será menor e que realizará compensação plantando 2.000 mudas, mas os dados que indicam apenas 154 supressões referem-se somente ao trecho iniciado agora. O número total de supressões para o projeto todo, apontado pela própria prefeitura no Estudo de Impacto Ambiental, é de 579. Para Renato Cunha, coordenador executivo do Grupo Ambientalista da Bahia, o plantio de mudas que tem sido anunciado pela prefeitura como compensação não resolve o problema: "Precisa arborizar a cidade, mas nada compensa a retirada dessas árvores, gerando uma paisagem toda acimentada na região da Avenida Juracy Magalhães".
*Colaboraram Juliana Ferreira/Salvador Sobre Trilhos
Ascom Gambá  20/04/2018

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