quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

ANTT VIOLA CUIABÁ - Vicente Vuolo

Ponto de Vista  🚉

A ferrovia São Paulo – Cuiabá, é um projeto que nasceu na capital mato-grossense no início da década de 70, inspirado num estudo técnico muito bem elaborado pelo brilhante engenheiro Domingos Iglesias Valério, que ganhou uma concorrência nacional do melhor traçado para ligar o Sul ao Norte do país.Os dirigentes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) desconhecem por completo a história da ferrovia para Mato Grosso.

Vicente Vuolo*
foto - ilustração
Não bastasse o isolamento por mais de 200 anos que a nossa cidade sofreu após a decadência do ciclo do ouro, o que fez com que o asfalto só chegasse a Cuiabá na década de 1970, eis que surge outro entrave para os trilhos da ferrovia chegarem a Cuiabá, a ANTT.
Os dirigentes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) desconhecem por completo a história da ferrovia para Mato Grosso. Os tecnocratas de plantão, não sabem que essa obra não é uma obra por si só, feita de dormentes de concreto, ecologicamente mais correto. Ela tem vida, tem alma, porque está sendo construída com a participação popular e em função dos interesses de uma vasta região.
Não se pode admitir que a ANTT tenha concordado que a concessionária ALL/RUMO (responsável pela construção da ferrovia) tenha adquirido empréstimo junto ao BNDES de mais de 5 bilhões de reais para – ao invés de ampliar a malha brasileira, inclusive estender os trilhos até Cuiabá – comprar 8 mil km de ferrovias na Argentina. Há indícios de corrupção nisso. Não se pode admitir que a ANTT seja subserviente com a simples decisão da ALL/RUMO em não se interessar em construir o trecho até Cuiabá, abandonando por completo o projeto de país. A falta de planejamento, de um Plano Nacional Ferroviário é o maior causador desses conflitos permanentes no país. Os burocratas preferem lançar pedaços de ferrovia. Sim! Trechos que só servem para atender interesses escusos de empresários gananciosos, que só pensam no bolso. E não no país!
A ferrovia São Paulo – Cuiabá é um projeto que nasceu na capital mato-grossense, no início da década de 70, inspirado num estudo técnico muito bem elaborado pelo brilhante engenheiro Domingos Iglesias Valério, que ganhou uma concorrência nacional do melhor traçado para ligar o Sul ao Norte do país. Coube ao cuiabano Vicente Emílio Vuolo apresentar esse projeto no Congresso Nacional, através do projeto número 312-A, na Câmara dos Deputados, que incluiu a ligação ferroviária São Paulo – Rubineia (SP) – Aparecida do Taboado (MS) – Rondonópolis – Cuiabá, no Plano Nacional de Viação, por meio da construção da ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná. Esse projeto foi aprovado e sancionado pelo Presidente Geisel e transformado na Lei n° 6.376 de 6 de junho de 1976.
Esse sonho só foi possível se concretizar, após intensa mobilização liderada pelo ex-senador Vuolo, envolvendo governadores, senadores, deputados, vereadores e prefeitos dos três Estados (São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso). Foram inúmeras reuniões, audiências públicas em Cuiabá, Rondonópolis, Alto Garças, Alto Araguaia, Alto Taquari, Costa Rica, Chapadão do Sul, Paranaíba, além dos municípios de oeste paulista e na capital São Paulo. A luta de Vuolo acabou se transformando numa obstinação para a chegada dos trilhos até Cuiabá. Além de ter recebido a medalha do Mérito Ferroviário, o filho do Coxipó, foi agraciado como Senador Honorário do Oeste Paulista outorgado por 34 municípios. Foi Ulysses Guimarães que apelidou Vuolo como “o Pai da Ponte”.
O maior obstáculo sempre foi a construção da ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná (3.600 metros). Mas, muitos não entendiam por que se falava tanto da ponte. É porque a ponte (que numa linha reta entre São Paulo-Cuiabá passa por ela) era fundamental para o prolongamento dos trilhos da ferrovia ex-Araquarense.
Esse crime que a ANTT insiste em cometer contra Cuiabá é doloso para o país. Isto porque, a ANTT engavetou o maior projeto de integração do Centro Oeste e da Região Amazônica. O projeto original (protocolado em 1989 por Olacyr de Moraes na SUDAM) prevê, além da chegada dos trilhos à Cuiabá, a ampliação da ferrovia duas vertentes: Cuiabá – Santarém, para ligar a hidrovia do Amazonas; e Cuiabá – Porto Velho para ligar a hidrovia do Madeira. Portanto, Lucas do rio Verde, está a apenas 200 km para ter a ferrovia, uma vez os trilhos em Cuiabá.
O Brasil não pode ficar à mercê de improvisos e da aplicação de recursos públicos em função de supostos interesses pecuniários de um ou outro funcionário público. Essas áreas estratégicas requerem planos de longo prazo e o cumprimento dos mesmos, com controle social rígido e prestação de contas à sociedade.
É fundamental que as lideranças políticas e sociais de Mato Grosso, nossos empresários, sindicalistas e os militantes do desenvolvimento sustentável de nossa região se mobilizem para fazer valer nossa voz. Que parem os burocratas da ANTT de nos fazer de joguetes e cumpram o compromisso de trazer rapidamente os trilhos a Cuiabá. Não joguem dinheiro público no ralo, nem compactuem com interesses privados de uma empresa que pega dinheiro aqui para investir ou comprar ativos na Argentina. É hora do basta!
*Vicente Vuolo é Economista, Cientista Político e Analista Legislativo do Senado Federal.
E-MAIL: vicente.vuolo10@gmail.com
Enviado por e-mail em 16/02/2017

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