PALESTINA

ENTENDA O QUE FOI A NAKBA, A CATÁSTROFE DO POVO PALESTINO - Link para a matéria da Agência Brasil - https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/entenda-o-que-foi-nakba-catastrofe-do-povo-palestino

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Inauguração da maior torre de pesquisa ambiental da América do Sul

Meio ambiente

A Torre ATTO pode ser considerado o maior laboratório livre de pesquisas no mundo, voltadas para a melhor compreensão dos biomas tropicais nas estabilidades climática, química e termodinâmica dos processos atmosféricos

Revista Amazônia

Brasil e Alemanha celebraram recentemente a inauguração do Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês), estrutura de 325 metros instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no Amazonas, entre os municípios de São Sebastião do Uatamã (AM) e Itapiranga (AM), a cerca de 150 quilômetros (km), em linha reta, de Manaus. O empreendimento, segundo o ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, é uma grande conquista para ciência mundial.
A Torre Alta ampliará o campo de pesquisa e o entendimento da interação entre a biosfera e a atmosfera. Equipada com sensores e radares a laser em diferentes alturas para medições do solo – como quantidade de água, temperatura e umidade –, do ar acima e abaixo da copa das árvores, além de estudar o fluxo de vapor d’água e de aerossóis (partículas sólidas e líquidas em suspensão) importantes para a formação de nuvens, o Observatório transmite os dados para os laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e dos institutos Max Planck de Química e Biogeoquímica, responsáveis pela implementação do projeto.
“Os trabalhos desenvolvidos aqui serão para preservar a vida no planeta e dar alternativas para o desenvolvimento sustentável da humanidade. Somos muito gratos aos nossos amigos pesquisadores da Alemanha, do Inpa e a todos os profissionais que ajudarão a construir essa torre na maior floresta tropical continua do mundo”, disse o ministro durante a cerimônia.
A empresa responsável pela construção da torre é a San Soluções Empresariais, do Paraná, que venceu a licitação. O representante da empresa, Sérgio Alves do Nascimento, relata os desafios tecnológicos logísticos de uma obra dessa magnitude na região amazônica: “Em média, as estruturas que fazemos estão entre 50 e 150 metros (m). Para entregar uma estrutura de 325 m no meio da floresta amazônica tivemos que vencer uma logística impressionante. Foi preciso trazer as peças da torre por estrada e por rio até a Reserva do Uatumã”.
A estrutura, que pesa 142 toneladas, é formada por um conjunto de 15 mil peças. Elas foram transportadas de Curitiba à Reserva por seis carretas que percorreram 4,5 mil km até Humaitá (AM), onde foram embarcadas em uma balsa que percorreu os rios Amazonas e Uatumã. Vinte e seis quilômetros de cordoalhas de aço fixam a estrutura a blocos de concreto instalados no solo da floresta. O técnico do Inpa Hermes Xavier, que participa do projeto há quatro anos, conta que no início a construção da torre parecia uma tarefa impossível. “Passamos dois anos morando debaixo de uma lona na floresta. O acesso era muito difícil por causa das chuvas, insetos e animais. Ver a Torre pronta é gratificante”, comemorou.
Também participou da cerimônia o ministro conselheiro da Embaixada da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach. “O Atto é um símbolo da cooperação científica entre o Brasil e a Alemanha. A torre terá um enorme impacto sobre as pesquisas do clima. Desejo sucesso e uma longa vida à Torre Alta da Amazônia”, disse.
Objetivo científico
O projeto tem o objetivo de monitorar e estudar o clima da Região Amazônica, por cerca de 20 a 30 anos, a partir da coleta de dados sobre os processos de troca e transporte de gases entre a floresta e a atmosfera. O observatório deve medir com precisão fluxos de água, dióxido de carbono (CO²) e calor, a fim de analisar o impacto do ciclo de absorção e liberação de substâncias.
O coordenador do projeto pelo Inpa, Antonio Manzi, explicou que a Atto permitirá o estudo do balanço de carbono. “Com as pesquisas que serão realizadas, aumentaremos os nossos conhecimentos sobre o esse ciclo de carbono tropical, o que é muito importante mundialmente”, observou Manzi.
Os 325 metros da Atto possibilitam o monitoramento de uma extensão de espaço atmosférico jamais alcançada antes, cerca de mil quilômetros quadrados (km²), preenchendo lacunas de monitoramento e coleta de dados feitas por satélites e outros instrumentos. A expectativa é que o projeto atraia alto investimento científico de diversos países.


A Torre do Uatumã é, em metros, o ponto mais alto dessa vigilância, para podermos combinar a indispensável e urgente proteção do meio ambiente com uma política de desenvolvimento autônoma que traga progresso e bem-estar ao povo brasileiro

Do topo da torre de medição, pesquisadores também podem rastrear alterações em grandes áreas de floresta tropical causadas por massas de ar que as atravessam. Ao analisar essas interações, eles querem chegar a novas conclusões sobre a importância da floresta tropical para a química e a física da atmosfera.
O objetivo específico dos cientistas é, em primeiro lugar, compreender melhor as fontes de produção e de consumo de gases de efeito estufa, como o CO², metano e óxido nitroso. O diretor do Inpa, Luiz Renato França, aponta as vantagens da cooperação internacional. “Nosso conhecimento sobre a região amazônica e a Terra não será o mesmo quando este empreendimento magnífico e impressionante estiver em pleno funcionamento”, avaliou. “Esta fascinante cooperação científica é uma clara ilustração de como uma tarefa gigantesca, que beneficia todo o planeta e a humanidade, pode ser desenvolvida quando dois grandes países, localizados em diferentes e distantes continentes, trabalham juntos em harmonia.”
A expectativa é que todos os equipamentos de medições estejam instalados até 2017. Os dados serão compartilhados com pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Fundação Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pará (UFPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Max Planck de Meteorologia (MPIM)

Construção da parceria
A Alemanha é uma das principais parceiras do Brasil em ações de capacitação tecnológica e inovação. No setor de meio ambiente, a parceria entre os dois países já existe há 30 anos, por meio do Experimento de Grande Escala de Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), projeto do qual a Torre Atto faz parte. Ambos os países têm tradição em estudos ambientais. Na Alemanha, a indústria de tecnologia do meio ambiente é um setor importante da economia e os alemães são líderes no estudo da química da atmosfera. Já o Brasil tem competência no campo da física de nuvens e transporte de matérias na camada limite – área situada na baixa troposfera (camada da atmosfera em que vivemos e respiramos) e que, portanto, sofre diretamente a influência da superfície. Na Amazônia, a camada limite pode atingir até 1,6 mil m.
O LBA já possui outras torres na Amazônia, com alturas entre 50 e 80 m, que são capazes de monitorar fenômenos de interação entre floresta e atmosfera num raio de 10 km. Em 2007, pesquisadores alemães propuseram a construção da torre alta depois de visitar a Torre K34, de 52 m de altura, localizada na reserva biológica Cuieiras, ao norte de Manaus.
A cooperação para construção foi inicialmente acordada em 2009 por meio de um memorando de entendimento entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil e o Ministério de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha, que nomearam o Inpa e os dois institutos Max Planck como instituições coordenadoras do projeto.
Fonte - Revista Amazônia  13/05/2016

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