terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Abiove defende condicionantes para aprovação da fusão entre ALL e Rumo

Economia

Em entrevista coletiva convocada em São Paulo, dois dias antes de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) analisar o processo de fusão, a Abiove criticou a tentativa de verticalização da ALL-Rumo, alegando que promoverá a concentração ferroviária e portuária na principal rota de escoamento do agronegócio do país.

Valor Econômico
foto - ilustração
A Abiove, associação que reúne as indústrias de óleos vegetais no país, reforçou ontem o pedido para que uma eventual fusão da companhia de ferrovias América Latina Logística (ALL) e a Rumo (empresa de logística controlada pela Cosan) tenha como condicionantes a venda de terminais portuários dessas empresas a terceiros e a proibição de participação em novas licitações para arrendamento e concessões de terminais em Santos.
Em entrevista coletiva convocada em São Paulo, dois dias antes de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) analisar o processo de fusão, a Abiove criticou a tentativa de verticalização da ALL-Rumo, alegando que promoverá a concentração ferroviária e portuária na principal rota de escoamento do agronegócio do país.
"Vai ser uma empresa com poder de mercado tão absurdo que colocará todos como reféns", afirmou Carlo Lovatelli, presidente da Abiove. "A ferrovia deixará de ser um negócio independente e ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] não terá instrumentos adequados para fiscalizar."
Para a entidade, todo o processo de escoamento para exportação da safra estaria amarrado à nova companhia. As perdas seriam em duas frentes: preferência do transporte de açúcar em detrimento de grãos (a Cosan atua no setor sucroalcooleiro) e redirecionamento das cargas para os terminais próprios da Rumo, alimentando o que a Abiove tem chamado de "ciclo de discriminação" do usuário. Em ambas as situações, as tarifas pagas em frete pelo produtor tenderiam a subir.
Com a prerrogativa da escolha, informa a Abiove, a Cosan poderá, por exemplo, não só privilegiar cargas suas, como ganhar com taxas de elevação portuária e penalidades por embarque fora do período contratual em seus terminais. "Vai mudar a lógica empresarial. O objetivo do grupo Cosan Logística passa a ser a maximização dos ganhos agregados, não importando mais se oriundos do transporte ferroviário, armazenagem ou elevação portuária", diz Daniel Furlan Amaral, economista da Abiove. Em outras palavras, tradings e empresas menores do agronegócio ficarão "nas mãos" da companhia resultante da fusão.
Amaral afirma que cerca de 30% do valor da soja no porto de Santos representa custo de frete, nos períodos de pico de escoamento da safra, e que 25% da carga de grãos e açúcar é transportada por trens.
As associadas da Abiove, entre elas tradings multinacionais como Bunge, Cargill, ADM e Dreyfuss, respondem pela grande parte da carga de granéis (caso de soja e milho) transportada pela ALL.
A convocação da Abiove mostra a preocupação do setor não só pela proximidade do julgamento da fusão - marcado para amanhã, seis meses depois de ser protocolado - mas pela possibilidade de acordo para aprovação sinalizado pelo órgão. Várias empresas também manifestaram preocupações com um desfecho favorável pelo Cade, entre elas Ipiranga, Fibria, Petrobras Distribuidora, VLI, Copersucar.
Questionada sobre o que faria no caso da aprovação da fusão, a Abiove não soube responder. A Cosan disse que vai se manifestar somente após a decisão do Cade.
Fonte - Revista Ferroviária  10/02/2015

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