domingo, 8 de junho de 2014

Pilotos de satélite precisam tirar carteira de motorista

Ciência & Tecnologia

Um satélite para ser colocado em órbita, precisa de pilotos, que ficam numa base terrestre e enviam as coordenadas para o espaço. O menor erro humano pode ser fatal para a missão. Por isso, são necessários meses de treinamento em simuladores de voo. Os aspirantes a piloto de satélite precisam provar que conseguem manter uma visão geral da situação, ter paciência e aguentar o estresse da profissão.

Por Redação
DW - de Berlim

A partir da Terra, controladores enviam coordenadas para o espaço. Num lançamento real, o mínimo erro pode custar milhões de euros e colocar anos de trabalho a perder. Por isso, o treinamento em simuladores é essencial
Um satélite para ser colocado em órbita, precisa de pilotos, que ficam numa base terrestre e enviam as coordenadas para o espaço. O menor erro humano pode ser fatal para a missão. Por isso, são necessários meses de treinamento em simuladores de voo. Os aspirantes a piloto de satéliteprecisam provar que conseguem manter uma visão geral da situação, ter paciência e aguentar o estresse da profissão.
Na Exibição Internacional Aeroespacial, realizada em maio em Berlim, o físico e engenheiro espacial Ed Trollope montou um simulador da empresa Telespazio VEGA Alemanha. Numa sala com quatro computadores, equipados com microfones e fones de ouvido, os visitantes podiam acompanhar as simulações realizadas por uma equipe de pilotos de satélites.
O primeiro exercício demonstrado foi o lançamento de um foguete a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. Logo após a partida, projetada num telão, o foguete alcança a órbita. A confirmação de que o satélite se separou do foguete e foi posicionado corretamente vem de um engenheiro da Nasa (Agência Espacial Americana), que está em Houston, nos Estados Unidos. Após essa etapa é preciso agir rapidamente.
“Esse é um momento crítico da missão. O satélite precisa de seus painéis solares para receber energia. Precisamos, portanto, abri-los o mais rápido possível”, descreve Trollope.

Movimentos coordenados
- Vocês ouviram o anúncio do engenheiro de Houston e agora assumiram uma nave espacial de 750 milhões de euros, na qual 500 pessoas trabalharam durante cinco anos. Agora a responsabilidade para que a missão não termine aqui é de vocês – diz Trollope ao seu time de controladores de voo.
Nesse momento, Rainer Lammert, gerente de operações espaciais (SOM, na sigla em inglês), assume o controle. “Nós seguimos um plano com prazos específicos, com uma sequência a ser seguida. Primeiro, vou checar se todos estão me ouvindo bem.”
Os outros pilotos de satélite são os engenheiros de operações espaciais SOE1 e SOE2, que são responsáveis por áreas técnicas específicas. Há também um controlador espacial (Spacon), que é responsável pelo envio dos sinais de controle para o satélite.
- Agora vamos verificar se há dados do satélite – diz Lammert. “SOM para SOE2, confirme recebimento de dados telemétricos.”
Por trás da telemetria, tecnologia de medição e comunicação de informações, escondem-se dados que o satélite colhe e envia à Terra. Por exemplo, informações sobre sua situação, sua posição no espaço, quais interruptores estão ligados ou qual a carga de sua bateria.
Somente quando os pilotos de satélite na base terrestre confirmam o recebimento dos dados, Lammert constrói uma imagem ampla da situação geral do satélite. Tudo segue como o planejado, e ele pede que a equipe envie as coordenadas para o satélite.
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No simulador, pilotos de satélite treinam as etapas de um lançamento

Sequência de códigos
Essas coordenadas, com comandos para ativar os motores que movimentam os painéis solares, por exemplo, são compostas por longos códigos numéricos e alfabéticos.
- Todo comando tem uma estrutura específica e uma grande quantidade de informações complementares, para que a nave espacial saiba de onde vem a coordenada e se ela é válida. Pode ser uma cadeia de informação bem curta, talvez somente o dígito um ou zero, mas também pode ser longa, dependendo do comando – reforça Trollope.
Cerca de 15 minutos e muitas sequências de letras depois, a ação chega ao fim. A telemetria confirma aos pilotos do satélite que os painéis solares estão abertos e produzindo energia elétrica. “Até agora, tudo bem. Bom trabalho, equipe!”, diz Lammert.
Na maioria das vezes, tudo corre bem, mas somente porque os pilotos do satélite seguem minuciosamente o planejado. Há um plano de emergência para cada pane imaginada. Essas informações estão em grandes pastas cheias de papel. “Os controladores precisam interpretar os dados, o que pode ser bem estressante”, diz Alexandra Sokolowski, porta-voz da Telespazio Vega.
Com frequência, os controladores de satélite precisam esperar por muito tempo. Em satélites próximos à Terra, isso ocorre quando eles deixam o campo de reconhecimento de sua própria antena parabólica e precisam dar uma volta no planeta.
Além disso, a enorme distância entre os pilotos e sondas espaciais, como a Rosetta, significam um teste de paciência. Mesmo com a velocidade da luz, um sinal precisa de uma hora e meia para ir e voltar. E a paciência também precisa ser exercitada no simulador.
A simulação serve para evitar situações como a que ocorreu com o engenheiro espacial Christian Bodemann, durante um exercício. Ele estava no simulador do Veículo de Transferência Automatizado, a nave não tripulada de abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS).
- Depois de cerca de oito horas, os usuários disseram que o simulador não funcionava, não conseguia enviar comandos”, lembra Bodemann. Mas ele estava funcionando corretamente. “Os alunos esqueceram de abrir os painéis solares. Depois de oito horas, as baterias acabaram. Eles apenas viraram algumas páginas do plano a ser seguido e colaram alguns lembretes. Eles pularam uma fase e nem perceberam – conta.
Se fosse um voo real, o veículo teria sido perdido no espaço, e os astronautas da ISS ficariam sem suprimentos.
Fonte - Correio do Brasil  08/06/2014

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