segunda-feira, 21 de abril de 2014

ABI e Instituto Histórico tentam salvar monumento de 300 anos em Salvador

Salvador - Centro Histórico

O monumental exemplar de arquitetura religiosa, que fascina, apesar do seu arruinamento, a quem visita a Praça da Sé, é a “primeira sede do governo primaz da Igreja Católica” no Brasil, conforme nos ensina a presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), professora Consuelo Pondé de Sena. 

Luis Guilherme Pontes Tavares - TB
O Palácio Arquiepiscopal
Em 2015, o Palácio Arquiepiscopal completará 300 anos de construído. O monumental exemplar de arquitetura religiosa, que fascina, apesar do seu arruinamento, a quem visita a Praça da Sé, é a “primeira sede do governo primaz da Igreja Católica” no Brasil, conforme nos ensina a presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), professora Consuelo Pondé de Sena. A Arquidiocese de Salvador encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) projeto de restauração do imóvel e aguarda, já há algum tempo, providências.
A expectativa com relação à palestra que o arquiteto e professor Francisco Senna fará nesta terça-feira (22 de abril, Dia do Descobrimento), no salão nobre do IGHB, às 15h30, é de que ele passe a limpo a situação em que se encontra o Palácio e trate da solução que se avinha para o imóvel que aniversaria no próximo ano seus três séculos de existência. O evento do IGHB foi sugerido pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI), que assim inicia o ciclo de debates “Três novos endereços de Cultura”, que prosseguirá nos dias 12 de agosto e 20 de novembro.
O arquiteto Francisco Senna, ex-pró-reitor da UFBA e ex-presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), é autor de um projeto de restauração do Palácio Arquiepiscopal. Há também o projeto do arquiteto Olympio Augusto Ribeiro, de São Paulo, com o qual, em 2001, pretendeu levantar recursos para a restauração do imóvel do século XVIII (inaugurado em 1715) através da Lei Rouanet, e adaptá-lo para servir como Memorial da Arquidiocese. Há, ademais, o projeto da dupla de arquitetos Aline Costa e Francisco Prisco Paraíso. Os dois propõem a destinação do imenso prédio (quatro pisos e cerca 4 mil m²) para Museu da Cúria.
Em 2012, no segundo ano da gestão de Walter Pinheiro à frente da ABI, o situação do Palácio Arquiepiscopal foi tema de reunião no âmbito dos cuidados da instituição com a Cidade do Salvador e, sobretudo, com o seu centro histórico, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. A propósito, o Palácio Arquiepiscopal é tombado pelo IPHAN desde 17 de junho de 1938 (registro 124 do Livro de Belas Artes, folhas 22 – anverso e verso). Naquele ano, a diretora Consuelo Pondé de Sena, também presidente da IGHB, assinou o artigo “Agoniza o Palácio Arquiepiscopal da Bahia” na Tribuna da Bahia, assim como o diretor Luis Guilherme Pontes Tavares, no mesmo jornal e sobre o mesmo tema, publicou o artigo “A bela e a ruína que enxergo das janelas da ABI”
Em 2012, a ABI fez gestões junto à Arquidiocese de Salvador para que o arcebispo Murilo Krieger falasse sobre o Palácio Arquiepiscopal. Ele, de modo gentil, oficiou a instituição explicando que a Arquidiocese encaminhara ao IPHAN o projeto de restauração do imóvel e que aguardava deliberação a respeito. O pleito da Arquidiocese ainda não foi contemplado com a sua inclusão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das Cidades Históricas. É provável que a isso aconteça no próximo PAC.

Mais 2 debates
Em 12 de agosto, data em que, em 1798, os sediciosos baianos fixaram os boletins em Salvador conclamando a população contra o jugo português, a ABI pretende discutir, no seu Auditório Samuel Celestino, as dificuldades que o projeto “Memorial da Resistência” está enfrentando. A ideia desse equipamento cultural surgiu a partir da proposta do advogado Carlos Augusto Marighella de homenagear, em 2011, o pai, Carlos Marighella (1911-1969), pela passagem do centenário do nascimento dele. O governador Jaques Wagner recebeu a proposta com agrado e a ampliou para contemplar outros personagens e episódios da resistência à ditadura militar de 1964-1985.
O arquiteto Pasqualino Magnavita foi encarregado de oferecer solução para adequar os imóveis 28 e 30 da Rua João de Deus, no Pelourinho, para servir como sede do Memorial. Tudo faz crer que o projeto não será concluído este ano, o que seria oportuno por causa do transcurso do cinquentenário do golpe de 1964. É bem verdade que tampouco houve recursos, em 2011, para restaurar o jazigo de Mariguella no Cemitério das Quintas, apesar do relevante fato de que a lápide é a única obra do arquiteto Oscar Niemeyer (1909-2012) na Bahia.
Para 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, a ABI programou o debate sobre o Museu Nacional de Cultural Afro-Brasileira (MuNCAB), cuja obra está parada há algum tempo, colocando em risco o que ali fora restaurado e o acervo existente no seu interior. O MuNCAB é um desafio que o poeta José Carlos Capinam, um dos nomes do movimento Tropicalista, tomou para si, sem avaliar, todavia, o cipoal que teria que atravessar quando se tem que enfrentar a burocracia brasileira.
A ABI, com o ciclo de debates “Três novos endereços de Cultura”, pretende auxiliar no sentido de viabilizar os três projetos para o efetivo benefício da sociedade local e para quantos visitam a Cidade do Salvador.
Fonte - Tribuna da Bahia  21/04/2014

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