PALESTINA

ENTENDA O QUE FOI A NAKBA, A CATÁSTROFE DO POVO PALESTINO - Link para a matéria da Agência Brasil - https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/entenda-o-que-foi-nakba-catastrofe-do-povo-palestino

sábado, 23 de novembro de 2013

AS LOCOMOTIVAS - MX620‏

Locomotivas

As MX620 foram as sucessoras naturais das G12 nas linhas da antiga RMV. Sem nenhum apelo estético, porém confiáveis e valentes, ainda são a principal força nos piores trechos da linha.

Mestre Ferroviário

Em 1975 foi criada pelo governo federal a CCPCL - Comissão Coordenadora da Política de Compra de Locomotivas, visando capacitar o Brasil com mais duas fábricas de locomotivas. Foi apontado por esta comissão que, a partir de 1980, o Brasil necessitaria de 300 locomotivas e 8 mil vagões por ano.
Até aquele momento, o único fabricante era a General Electric, em Campinas, com capacidade de 120 locomotivas por ano.
Surgem então:
“Villares” - Grupo General Motors (Electro-Motive Division-EMD, Estados Unidos) e GEC Traction (Inglaterra). Local: Araraquara, SP.
“Emaq” - MLW / Bombardier (Canadá) e MTE (França). Local: Magé, RJ.
Em 17 de Março de 1980 a Emaq entrega as duas primeiras locos MX620, com os números 1901 e 1902 para a RFFSA / SR2 (antiga R.M.V.), de uma encomenda de 74 unidades. O índice de nacionalização nas primeiras locomotivas foi de 12% e nas últimas de mais de 50%, com o preço de cada unidade girando em torno de US$ 1,3 milhões.

Devido a saldos na balança comercial com a Espanha, algumas locomotivas vieram pré-montadas pela CAF - Cia. Auxiliare de Fabricacion), recebendo na Emaq peças e componentes produzidos no Brasil. O mesmo não ocorreu com as locomotivas GM SD40-2, da qual vieram da Espanha (Macosa) 36 unidades prontas para entrar em serviço na RFFSA / SR3 (números 5211 a 5246).


Apesar de os componentes terem várias origens (Canadá, USA, Espanha, Brasil...), a locomotiva não apresentou nenhum problema sério em operação.
Estas locomotivas estão sediadas em:
6101 a 6166 em Divinópolis, MG
6167 a 6174 em Lavras, MG
Operaram com tração tripla em trens de petróleo / cimento / grãos na rota Belo Horizonte - Brasília, recebendo auxílio de mais 1 locomotiva entre Tigre e Campos Altos, para transpor o trecho pesado da Serra do Tigre com 30 vagões carregados.


Na rota de Arcos (MG) a Volta Redonda (RJ) operavam em tração dupla substituindo 4 locomotivas G12 antes empregadas para rebocar o trem de 22 a 24 vagões de calcário para a CSN. Quando havia sobra de G12's no trecho, a mesma era acoplada às MX para vencer as rampas pesadíssimas da serra da Mantiqueira entre Lavras e Augusto Pestana, com 1.260 metros de altitude. Estudos feitos pela RFFSA apontaram o peso ideal para as MX620 em 120 toneladas, e não 96 toneladas, como foram construídas. Com esse peso a locomotiva tem sua capacidade (esforço de tração) aumentada e pode movimentar um trem mais pesado.


Atualmente elas são operadas pela concessionária FCA, ainda prestando serviços nas fortes rampas das linhas mineiras. Existem estudos para a troca dessas máquinas, que devido à idade começam a perder força e confiabilidade, mas nenhuma substituta até agora conseguiu se manter tão bem quanto as veteranas MX, que ainda reinam absolutas na rota do calcário, além de cumprirem suas tarefas nas outras partes da linha, onde as grandes locomotivas articuladas não podem trafegar por restrição de gabarito.



Fonte - CFVV Sul de Minas  23/11/2013

Implosão do Elevado da Perimetral no Rio começa amanhã

Cidades


O ponto alto da operação acontece às 7h de domingo (24), com a implosão do primeiro trecho da via. A operação envolverá mais de 500 profissionais, que seguirão os procedimentos necessários para garantir a segurança durante a demolição. O sistema prevê a utilização de 2.512 conjuntos de pneus com areia e 2.240 estacas em tambores para amortecer o impacto da queda da estrutura...

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – As obras de revitalização da região portuária da cidade do Rio de Janeiro serão intensificadas neste final de semana com a implosão do primeiro trecho do Elevado da Perimetral - via expressa que liga a Ponte Rio-Niterói e a Avenida Brasil ao Aterro do Flamengo.
O ponto alto da operação acontece às 7h deste domingo (24) com a implosão dos primeiros 1.050 metros dos 4.790 que compõem o elevado. Segundo a prefeitura, a operação envolverá mais de 500 profissionais, que seguirão todos os procedimentos de segurança necessários à demolição.
Haverá bloqueio de dezenas de vias próximas ao elevado, entre a Avenida Professor Pereira Reis e a Rua Silvino Montenegro. A prefeitura vai providenciar também a retirada assistida dos moradores da região.
A implosão do Elevado da Perimetral, quando concluída, vai permitir a implementação de um novo sistema de mobilidade urbana na Região Portuária. A operação envolve 29 vãos e 232 vigas que, somados, pesam 5.104 toneladas. A carga total de explosivos a ser usada na operação será 1.200 quilos.
O sistema prevê a utilização de 2.512 conjuntos de pneus com areia e 2.240 estacas em tambores para amortecer o impacto da queda da estrutura e triturar o concreto. Os postes, fiações e placas de trânsito foram retirados do trecho.
Explosivos serão acionados em cadeia para rompimento dos pilares de sustentação do elevado, o que torna o processo diferenciado, sem o levantamento de poeira típico de implosões convencionais.
Para minimizar os riscos de lançamento de fragmentos, foram instalados 215.340 m² de tela de proteção. Após o processo, todo o material de concreto será removido e reciclado para uso nas obras de pavimentação das ruas da região. As 232 vigas do trecho fazem parte do pacote leiloado nessa quinta-feira (21).
A expectativa é que, após a implosão, equipes da prefeitura do Rio e da Porto Novo, empresa contratada para executar obras e serviços no Porto Maravilha, levarão 60 dias para concretizar os trabalhos de limpeza da região. Para isso serão criadas seis frentes de trabalho.
Estarão envolvidos na operação as secretarias municipais de Transportes, de Ordem Pública, Desenvolvimento Social, Defesa Civil, Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio), Guarda Municipal, Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp) e Concessionária Porto Novo –, além do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e das distribuidoras Light, CEG e Cedae – que estarão dando apoio logístico à demolição.
Diante da complexidade da operação e como parte dos trabalhos de preparação foram feitas previamente 56 vistorias cautelares nas partes inferior e superior do Elevado da Perimetral e em todo o entorno da Avenida Rodrigues Alves. A Concessionária Porto Novo instalou 12 sismógrafos para monitorar efeitos da detonação sobre as edificações e 50 câmeras que vão possibilitar a avaliação dos impactos e acompanhamento de toda a área.
Fonte - Agência Brasil  23/11/2013

Presos: o que se quer é justiça ou revanche? punição ou vingança? - Bob Fernandes




O artigo 3º da Lei de Execução Penal determina: o sentenciado condenado ou internado não pode perder a parcela de liberdade que não lhe foi tirada na condenação.
Os Josés, Genoino e Dirceu, estão condenados à prisão em regime semi-aberto.
São Paulo tem vagas no regime semi-aberto. Por que os presos foram levados para Brasília, e naquele tour espetacular? Ninguém deve explicações? Ou dane-se porque esses são os adversários, os "inimigos?".......


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

PIB per capita do DF é o dobro do de São Paulo e o triplo da média nacional

Economia

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
foto - ilustração
Rio de Janeiro – O Distrito Federal (DF) teve um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$ 63.020 em 2011, segundo dados divulgados hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB per capita é calculado com base na divisão de todos os bens e serviços produzidos no local pelo tamanho da população.
Segundo o IBGE, o valor é duas vezes maior que o registrado no segundo colocado no ranking nacional, São Paulo, que foi R$ 32.449. O PIB per capita do Distrito Federal é também três vezes maior que a média nacional, de R$ 21.585.
Além de São Paulo e do DF, seis unidades da Federação também têm PIB per capita acima da média nacional, sendo dois da Região Sudeste - Rio de Janeiro e Espírito Santo -; três da Sul – Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina -; e um da Centro-Oeste, no caso, Mato Grosso.
Segundo o pesquisador do IBGE, Frederico Cunha, os estados do Norte e do Nordeste continuam tendo os piores PIBs per capita do país, com destaque para o Piauí (R$ 7.835) e o Maranhão (R$ 7.852). Apesar disso, a diferença entre os melhores e os piores estados têm diminuído. “Em função do crescimento econômico desses estados, tem diminuído a distância”, disse Cunha.
Se, em 2002, o PIB per capita do Piauí correspondia a 30% da média nacional, em 2011, o valor tornou-se equivalente a 36%, por exemplo.
Fonte - Agência Brasil  22/11/2013

CAF testa VLT em Cuiabá

Transportes sobre trilhos

O VLT está no local que será o futuro centro de manutenção e controle de Várzea Grande.


RF

A CAF está realizando os testes estáticos do primeiro VLT que irá operar entre Cuiabá e Várzea Grande, no Mato Grosso. Os testes que estão sendo realizado compreendem funcionamento de portas, sistemas elétricos e de telecomunicações, entre outros. Os testes de via devem começar no início de 2014.
O primeiro VLT, com sete carros, chegou ao Brasil no final de outubro. Ele faz parte de um pacote de 40 VLTs que a CAF produzirá na Espanha. A produção foi dividida em três unidades fabris da empresa na Espanha.
Os VLTs estão sendo produzidos na Espanha para dar tempo de atender o contrato para entrega dos VLTs em dois anos. A ideia da companhia era produzir os veículos no Brasil, mas isso não foi possível por conta do prazo de entrega e das adaptações que seriam necessárias na fábrica da empresa em Hortolândia, no interior de São Paulo. Como o edital não exigia a produção nacional, os VLTs estão sendo produzidos na Espanha.
Cada VLT tem capacidade para transportar 400 passageiros. Os 40 veículos serão utilizados nos 22 quilômetros de linha férrea em dois trechos: CPA-Aeroporto e Coxipó-Centro. Ao todos serão 33 estações.
Fonte - Revista Ferroviária  22/11/2013

Consórcio arremata o Galeão por R$ 19 bilhões

Aeroportos


O consórcio Aeroportos do Futuro arrematou na manhã desta sexta-feira a concessão do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim/Galeão, no Rio de Janeiro, com um lance de R$ 19 bilhões. Já os direitos de ampliação, manutenção e exploração do aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram arrematados pelo consórcio Aerobrasil por R$ 1,82 bilhão

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O consórcio Aeroportos do Futuro arrematou na manhã de hoje (22) a concessão do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim/Galeão, no Rio de Janeiro, com um lance de R$ 19 bilhões. Os direitos de ampliação, manutenção e exploração do Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte foram arrematados pelo consórcio Aerobrasil por R$ 1,82 bilhão. O Galeão recebeu cinco lances na primeira fase do leilão, sendo que a melhor proposta acabou mantida na etapa de lances a viva voz.
Confins recebeu três propostas na etapa de lances por escrito, a maior chegou a R$ 1,4 bilhão, feito pelo mesmo consórcio que acabou vencendo o leilão. As empresas do Aerobrasil tiveram, no entanto, que melhorar a proposta para conseguir arrematar o leilão na disputa em viva-voz.
O consórcio Aliança Atlântica, deu duas novas propostas durante a última fase do leilão, chegando a oferecer R$ 1,8 bilhão pelo aeroporto. O lance mínimo para o terminal mineiro era R$ 1,09 bilhão. Para o Galeão, o lance mínimo era R$ 4,82 bilhões.
Fonte - Agência Brasil   22/11/2013

Dilma terá R$ 6,1 bi para mobilidade; refinaria ainda com ações auxiliares

Mobilidade

A presidente também assinará hoje a ordem de serviço para a obra da Linha Leste do Metrô de Fortaleza


Sérgio  de Souza
DN
A quarta visita da presidente Dilma Rousseff ao Ceará neste ano, realizada hoje, deverá ser marcada pelo anúncio de R$ 6,12 bilhões para obras de mobilidade urbana no Estado e por mais uma solenidade - a segunda em 2013 - relacionada à refinaria Premium II, empreendimento que acumula atrasos em cronogramas anunciados, mas que, segundo a Petrobras, terá suas obras licitadas em abril do próximo ano. Em abril último, a chefe do Executivo federal presenciou a entrega à estatal do terreno que abrigará a usina e, hoje, acompanha a assinatura do Termo de Compromisso para a Reserva Indígena Taba dos Anacé, que foi uma das condicionantes exigidas pela Funai ao dar anuência ao projeto de refino. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, também deverá estar presente.

 fotos:alex costa/ waleska santiago
Pela segunda vez no ano, a presidente participará de um evento referente à Premium II. Ela também assinará o termo para a criação da reserva indígena Taba dos Anacé

"Não sei se a Graça (Foster) vem, mas está agendado nessa programação o anúncio formal da área que vai abrigar a etnia Anacés, que surgiu a partir da discussão sobre a área da refinaria", enfatiza o governador do Ceará, Cid Gomes.
Primeiras ações
Enquanto as obras da refinaria Premium II não são iniciadas, a Petrobras atua no momento em ações auxiliares à instalação do empreendimento. Além da realização do cercamento da área que receberá a refinaria, que teve início em setembro e deverá seguir até abril de 2014, a estatal já solicitou à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) as licenças de instalação para a construção de um píer no Porto do Pecém, das dutovias por onde serão movimentados os granéis líquidos e de uma área próxima ao porto para o recebimento de materiais.
"A refinaria é constituída por uma série de equipamentos que são licenciáveis individualmente. Mas, no momento, a Petrobras está buscando o licenciamento para equipamentos que não compõem exatamente o campo de refino, mas que vão proporcionar a logística necessária para o empreendimento", explica o superintendente adjunto da Semace, Arilo Veras.
De acordo com ele, a Petrobras deu entrada no pedido de licença para a instalação de uma área auxiliar para a refinaria, que ficará localizada próximo ao Porto do Pecém e que, segundo ele, funcionará como uma "antessala" da usina, recebendo todos os materiais para a planta. "A Semace já avaliou o pedido e solicitou à empresa um estudo de viabilidade ambiental, pra que a gente possa analisar o projeto e prosseguir no licenciamento", explica.
A estatal também solicitou licenciamento para a construção de um píer no Porto do Pecém pelo qual irá receber os equipamentos de grande porte, a exemplo de caldeiras, que formarão a planta de refino. O píer será constituído por plataformas ligadas ao continente por ponte. O superintendente adjunto da Semace informa que, em um prazo de aproximadamente 15 dias, o órgão deverá liberar um termo de referência solicitando à Petrobras a realização de estudos para a instalação do píer.
Já em relação às dutovias, Veras explica que a Semace já havia liberado a licença para a sua instalação, mas, como estudos posteriores realizados pela Petrobras determinaram modificações no projeto dos dutos, a licença terá que ser alterada e, no momento, está em análise pelo órgão ambiental.
Reserva indígena
Em solenidade na manhã de hoje, a presidente Dilma Rousseff participará da assinatura do Termo de Compromisso para a instalação da Reserva Indígena Taba dos Anacé. A formalização do termo, que será feita entre o Governo do Estado, a Petrobras e a Funai, era esperada desde julho passado, segundo expectativas anunciadas por representantes do governo. A presidente da estatal, Graça Foster, participará da cerimônia, juntamente com o diretor de Abastecimento da empresa, José Carlos Consenza.
A parte que cabia ao Estado já foi feita, que é a aquisição do terreno que abrigará a reserva e indenização das casas desapropriadas nas comunidades de Bolso e Matões, em um orçamento de R$ 15 milhões. Agora, caberá à Petrobras o mesmo investimento, a ser aplicado na construção de casas, fornecimento de água e energia, entre outras obras de infraestrutura, para atender à reserva indígena.
A Petrobras ainda está em negociações com investidores estrangeiros que possam entrar como sócios da refinaria cearense. Em seu último pronunciamento sobre o assunto, Foster informou que a chinesa Sinopec - que já vinha em negociações com a empresa para possível participação da Premium I, no Maranhão - está sendo sondada também para ser sócia da Premium II.
Pacto da Mobilidade
No evento hoje pela manhã, no Centro de Fortaleza, Dilma Rousseff anunciará recursos da ordem de R$ 6,12 bilhões para obras de mobilidade urbana no Ceará. Desse montante, R$ 5,7 bilhões são do PAC 2 Mobilidade Urbana, sendo R$ 2 bilhões oriundos do Orçamento Geral da União (OGU), R$ 1,8 bilhão de financiamento público, R$ 1,7 bilhão de contrapartida do estado e R$ 200 milhões de contrapartida da prefeitura.
O restante - R$ 384 milhões - são para investimentos em pavimentação urbana, que, somados aos R$ 5,7 bilhões, totalizam R$ 6,12 bilhões na carteira de obras de mobilidade urbana do Ministério das Cidades para o Ceará.
Na ocasião, Dilma assinará a ordem de serviço do maior investimento público já feito pelo governo do Estado, a Linha Leste do Metrô de Fortaleza, orçada em R$ 2,25 bilhões. Tendo seu contrato assinado no mês passado, a obra ligará o Centro ao bairro Edson Queiroz, com estações totalmente subterrâneas.
Após a cerimônia, a presidente seguirá para Horizonte, onde irá inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). "Depois, voltamos para Fortaleza. Ela (Dilma) tem um almoço com o prefeito, comigo e com os ministros que estão acompanhando", afirma Cid Gomes.
Fonte - Diário do Nordeste  22/11/2013

Prefeito e governador entregam o bilhete único em SP

Transportes Público

Valor Econômico
Foto ilustração - Pregopontocom
A Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado anunciaram ontem oficialmente o Bilhete Único Mensal integrado. O benefício permitirá ao usuário cadastrado fazer quantas viagens quiser por ônibus, metrô e trem. O preço do bilhete integrado será de R$ 230.
Além disso, o usuário também pode optar pelo bilhete mensal apenas para ônibus ou para transporte sobre trilhos. Cada um custará R$ 140. Os bilhetes terão validade de 31 dias e passam a funcionar a partir de 30 de novembro.
Já o valor do bilhete integrado para estudantes será de R$ 140. Para o ônibus apenas, fica em R$ 70. A prefeitura estima que o novo
Foto ilustração - Pregopontocom
cartão irá aumentar em R$ 400 milhões por ano seu gasto com subsídios ao sistema municipal de transporte. Já o governo estadual calcula que o subsídio será de até R$ 108 milhões por ano para o Metrô e CPTM.
De acordo com o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, 141 mil pessoas já tinham se cadastrado para o Bilhete Único Mensal, promessa de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT) na eleição de 2012. A prefeitura estima que a medida pode beneficiar 861 mil pessoas. O número corresponde aos passageiros que fazem mais de 46 viagens por mês.
Durante o anúncio, governo e prefeitura aproveitaram para ressaltar a parceria. "Há muitos projetos feitos de comum acordo pelas duas esferas de governo e com resultados palpáveis. Esse alinhamento estratégico vai trazer muitos benefícios", afirmou Haddad, que ainda lembrou da cooperação do governo federal com os investimentos destinados ao PAC Mobilidade Urbana.
Alckmin fez coro às declarações do prefeito. "A federação funciona quando os entes são parceiros". O governador ressaltou que o bilhete mensal vai estimular o uso do transporte coletivo, inclusive, nos fins de semana, e atende a urgência da população com a questão da mobilidade urbana. "Nesse ano ficou ainda mais claro que a prioridade definida pela população é o transporte público. O Bilhete Único Mensal é um estímulo ao uso do transporte coletivo, que é a única saída para metrópoles".
O tucano também afirmou que o bilhete mensal não terá interferência sobre eventuais reajustes no preço das passagens do metro e do trem.
Fonte - Revista Ferroviária -  22/11/2013

Trilhos retornam a Cuiabá depois de quase um século

Transportes sobre trilhos

G1 - MT
foto - ilustração
Dias antes de seu casamento, a jovem Carmen Vilá Pitaluga, então com 22 anos, acordou cedo para preparar seu chá de panela. Era março do ano de 1914 e ela tinha de ir comprar o peixe que serviria de almoço às amigas em casa, no Bairro Dom Aquino, em Cuiabá. Com seu irmão, saiu de casa, atravessou o córrego da Prainha por uma pinguela e chegou à Praça Ipiranga. De lá, pretendia chegar à região do porto. Não iria de charrete, carroça, carro ou ônibus, tampouco faria o trajeto todo a pé: Carmen fez como a maioria das pessoas na época e embarcou em um bondinho puxado por burros.
Parte pouco documentada e pouco conhecida da história local, o rudimentar transporte sobre trilhos usado por Dona Carmen - que viria a se casar com o servidor público Jaime Pitaluga - fez parte do cotidiano na capital cerca de um século antes de se falar em VLT, o novo sistema de transporte coletivo movido a eletricidade que deverá ser instalado na região metropolitana por conta da Copa de 2014. Seus primeiros vagões já estão na cidade e foram feitos para tomar, na rotina das pessoas, o lugar que pertenceu aos bondinhos de tração animal cerca de um século antes.
Planejado para interligar o centro de Cuiabá ao Porto, o antigo bondinho funcionou entre os anos de 1891 e 1918 e se locomovia puxado por burros ao longo de trilhos que se estendiam desde o Largo da Mandioca (Praça da Mandioca), passando por áreas centrais como o Beco do Candeeiro, Praça Alencastro e Praça da República, entre outras.
Do centro ao porto
“Vou à cidade”, diziam os cuiabanos da afastada região portuária antes de embarcar rumo ao centro. A fala era recorrente, mas pouco restou de registros sobre este hábito. Quem conta é o neto de Dona Carmen, o historiador Paulo Pitaluga, apontando que a presença do bonde na vida urbana – mesmo que durante cerca de 30 anos – por pouco se perdeu na memória tal como os trilhos sumiram das ruas.
“Os jornais davam listas de nomes de quem desembarcava de barco aqui, mas não falavam do cotidiano da cidade. Falta muita informação. De 100%, não há nem 3% da informação que deveria existir sobre o bonde”, explica o historiador.
De fato, não são muitos os documentos preservados. As fotografias da época não raro continham trechos dos trilhos, mas não em primeiro plano ou com a população a bordo. O livro “Cuiabá – Imagens da cidade” (Editora Entrelinhas) é um dos poucos com esse registro. Nele, a historiadora Maria Auxiliadora de Freitas conta que a Câmara de Cuiabá debatia o problema dos deslocamentos urbanos desde 1871, mas só em 1889 portugueses e cuiabanos formaram a Companhia Progresso Cuyabano, Ferro, Carril e Matadouro para, finalmente, consolidar as linhas de bonde puxado a burro entre as duas principais partes da cidade num prazo de dois anos.
Antes disso, não havia meios de transporte coletivo entre o centro (1° distrito) e o porto (2° distrito); a população se via diante de “desafios a serem vencidos, pois eram quase dois quilômetros a pé, a cavalo ou de carroça por ruas em pedra bruta, formadas por derrame de rochas cristalinas extraídas do rio ou vindas de Chapada dos Guimarães. Um caminho cheio de bifurcações estreitas e poeirentas”, diz o livro, que também contém a fotografia que abre esta reportagem, do ano de 1891 e de autoria desconhecida. Com base nela, o arquiteto Moacyr Freitas produziu - com texto do próprio Pitaluga - uma de suas “Gravuras Cuiabanas”, desenhos a bico-de-pena que hoje também ajudam a recuperar parte da história local.
O bondinho passava lentamente por vias que hoje são algumas das de tráfego mais intenso da capital, como as avenidas XV de Novembro e a própria Prainha, atualmente com o córrego oculto sob o pavimento.
A principal linha, porém, era a Rua Treze de Junho. Nos tempos iniciais da República, segundo a historiadora Elizabeth Madureira, a Treze era uma das mais movimentadas ruas da cidade - que só em 1938 passaria a ter mais de dois quilômetros quadrados de perímetro urbano.
Tecnologia uruguaia, burro brasileiro
Segundo o escritor Lenine Póvoas, os bondinhos de Cuiabá eram idênticos aos usados na capital uruguaia, Montevidéu, com a única diferença de serem movidos por tração animal. Era suficiente para um perímetro urbano pacato, mas a segunda companhia administradora do bonde queria mais velocidade e tentou substituir o esforço dos brasileiríssimos burricos pelo vapor das locomotivas. Duas delas chegaram a ser inauguradas, mas não deram certo. “A bitola estreita dos trilhos não permitia a velocidade um pouco mais desenvolvida pelas máquinas, que ora e outra se descarrilava, voltando a funcionar com parelhas de burros”, conta o cronista Aníbal Alencastro.
Porém, tanto o animal quanto o bonde que ele puxava não tardariam a ser substituídos na condição de transporte coletivo em Cuiabá. Madureira conta que em 1918 o bonde foi substituído pelos primeiros automóveis e ônibus da cidade. Outra versão dá conta de que o administrador do bonde não teria suportado os prejuízos do negócio e suspendeu os serviços.
Já o doutor em História Social Fernando Tadeu aponta um fim parecido ao relatado por Madureira, dizendo que em 1920 o bonde caiu num “ostracismo”, perdendo espaço para os primeiros veículos motorizados.
Trilhos e progresso
De qualquer maneira, Tadeu enfatiza que os trilhos - do transporte urbano ou da frustrada interligação ferroviária com o restante do país - sempre estiveram associados à ideia de progresso no imaginário da população e devem desempenhar o mesmo papel agora, com o VLT, projeto de R$ 1,4 bilhão inicialmente alvo de polêmicas e atualmente criticado pelos atrasos constatados na obra.
“A espera dos trilhos foi despertada e alimentada a partir da segunda metade do século XIX, atravessou todo o século XX, e adentrou ao século XXI. A vontade da conquista do progresso por Cuiabá foi sempre uma forte bandeira de uma parte da sua população. Nada foi fácil para Cuiabá, que sempre enfrentou os mais diversos desafios”, conta o professor.
Fonte - Revista Ferroviária  21/11/2013

Minc reconhece que despoluição da Baía de Guanabara está longe do ideal

Meio Ambiente

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Apesar de reconhecer que as águas da Baía de Guanabara ainda estão longe das condições necessárias à realização dos Jogos Olímpicos de 2016, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse hoje (21) que os programas do governo do estado já em andamento, aliados a outros que estão “saindo do papel”, garantirão o cumprimento dos compromissos firmados para os Jogos de 2016.
“Que a Baía de Guanabara é poluída todos sabem. A novidade é que algum esforço está sendo feito. Em sete anos nós acabamos com todos os lixões da Baía de Guanabara o que significa a retirada do equivalente a um Maracanã de chorume por semana”, disse o secretário. O governo do Rio firmou compromisso com o Comitê Olímpico Internacional (COI) prevendo que 80% das águas da Baía de Guanabara estariam despoluídas para a competição.
Embora admita que os programas de saneamento em curso não serão suficientes para alcançar as metas acordadas com o COI, o governo fluminense diz ter um planejamento de complementação com a implantação de cinco unidades de Tratamento de Rios (UTRs). No entanto, apenas uma está pronta, enquanto quatro ainda serão lançadas nos próximos dois anos. “Embora elas não recuperem da melhor maneira a água, vão servir de paliativo para tirar o lixo do local”, admite o secretário.
Minc explicou, ainda, que as ações de combate ao lixo flutuante ajudarão nesse processo. “Estão programadas as ampliações de ecobarreiras em volta da Baía de Guanabara e um aumento no número de barcos responsáveis pela coleta de objetos. Hoje, já são retirados do local cerca de 15 mil quilos de sujeiras por dia”.
Fonte - Agência Brasil  21/11/2013

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Globo abandonará Barbosa na estrada?

Política

Miguel do Rosário
Blog O Cafezinho
foto - ilustração
Quer saber? A matéria do Jornal Nacional, dando publicidade a críticas a Barbosa… na minha opinião, é tudo jogo de cena e estratégia da Globo. Ela calcula que isso “desmoralizará” os signatários e que a opinião pública quer mais é sangue.
O que me parece interessante, neste caso, é a irrelevância crescente da Rede Globo. A quantidade de compartilhamentos do post do Jornal Nacional que fala da nota dos juristas é menor do que a de qualquer blog mediano.
A Globo, simplesmente, não está mais com essa bola toda.
Entretanto, não sei se essa análise (que a Globo estaria disposta a abandonar Barbosa) procede.
Barbosa tem sido o garoto propaganda da Globo. Foi ganhador do principal prêmio da emissora, o Faz Diferença. Seu filho arrumou um bom emprego no programa de Luciano Huck. Ancelmo Gois dá uma notinha, quase todo dia, sobre Barbosa, em geral mencionando que o ministro foi ovacionado num restaurante qualquer do Leblon. Roberto Damatta escreveu artigo dizendo que votaria em Barbosa para presidente da República e que, na sua opinião, ele ganharia, fácil, no primeiro turno.
Eu queria estar num restaurante desse para checar se é verdade. E para gritar à parte, como que falando comigo mesmo, alguns palavrões que tenho engasgado na garganta contra esse déspota togado.

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Globo dá sinais de que, se farsa ruir, Barbosa é quem vai pagar a conta
Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual
Barbosa pode ver aliados virarem as costas, enquanto o processo do mensalão vai sendo desmoralizado
Conquistada a condenação dos réus da Ação Penal 470, o chamado mensalão, a Globo agora quer transferir o ônus do golpismo para o STF, mais especificamente para Joaquim Barbosa. Não parece ser por virtude, mas por esperteza, que William Bonner passou um minuto no Jornal Nacional de quarta-feira (20) lendo a notícia: “Divulgada nota de repúdio contra decisão de Joaquim Barbosa”.
O manifesto é assinado por juristas, advogados, lideranças políticas e sociais repudiando ilegalidades nas prisões dos réus do mensalão efetuadas durante o feriado da Proclamação da República, com o ministro Joaquim Barbosa emitindo carta de sentença só 48 horas depois das ordens de prisão.
O locutor completou: “O manifesto ainda levanta dúvidas sobre o preparo ou boa-fé do ministro Joaquim Barbosa, e diz que o Supremo precisa reagir para não se tornar refém de seu presidente”.
A TV Globo nunca divulgou antes outros manifestos em apoio aos réus, muito menos criticando Joaquim Barbosa, tampouco deu atenção a reclamações de abusos e erros grotescos cometidos no julgamento. Pelo contrário, endossou e encorajou verdadeiros linchamentos. Por que, então, divulgar esse manifesto, agora?
É o jogo político, que a Globo, bem ou mal, sabe jogar, e Joaquim Barbosa, calouro na política, não. E quem ainda não entendeu que esse julgamento foi político do começo ao fim precisa voltar ao be-a-bá da política. O PT tinha um acerto de contas a fazer com a questão do caixa dois, mas parava por aí no que diz respeito aos petistas, pois tiveram suas vidas devassadas por adversários, que nada encontraram. O resto foi um golpe político, que falhou eleitoralmente, e transformou-se numa das maiores lambanças jurídicas já produzidas numa corte que deveria ser suprema.
A Globo precisava das cabeças de Dirceu e Genoino porque, se fossem absolvidos, sofreria a mesma derrota e o mesmo desgaste que sofreu para Leonel Brizola em 1982 no caso Proconsult, e o STF estaria endossando para a sociedade a tese da conspiração golpista perpetrada pela mídia oposicionista ao atual governo federal.
A emissora sabe dos bastidores, conhece a inocência de muitos condenados, sabe da inexistência de crimes atribuídos injustamente, e sabe que haverá uma reviravolta aos poucos, inclusive com apoios internacionais. A Globo sabe o que é uma novela e conhece os próximos capítulos desta que ela também é protagonista.
Hoje, em tempos de internet, as verdades desconhecidas do grande público não estão apenas nas gavetas da Rede Globo, como acontecia na ditadura, para serem publicadas somente quando os interesses empresariais de seus donos não fossem afetados. As verdades sobre o mensalão já estão escancaradas e estão sendo disseminadas nas redes sociais. A Globo, o STF e Joaquim Barbosa têm um encontro marcado com essas verdades. E a emissora já sinaliza que, se ela noticiou coisas “erradas”, a culpa será atribuída aos “erros” de Joaquim Barbosa e do então procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Joaquim Barbosa, homem culto, deve conhecer a história de Mefistófeles de Goethe, a parábola do homem que entregou a alma ao demônio por ambições pessoais imediatas. Uma metáfora parecida parece haver na sua relação com a TV Globo. Mas a emissora parece que está cobrando a entrega antes do imaginado.
Fonte - Blog do miro (Altamiro Borges)  21/11/2013

Penas de tucanos para todo lado

Política

Por Luciano Martins Costa
Observatório da Imprensa
foto - ilustração

O jornal O Estado de S.Paulo rompe a barreira do silêncio e vincula, pela primeira vez desde que o assunto veio à tona, o caso do cartel no sistema de transporte por trilhos na capital paulista a políticos do PSDB, do PPS e do Partido Democratas. A notícia está no alto da primeira página, na edição de quinta-feira (21/11): “Ex-diretor da Siemens envolve políticos com cartel”, diz o título. A fonte da informação é um relatório entregue há sete meses por um ex-executivo da empresa suíça ao Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Num dos trechos reproduzidos pelo jornal, o autor da denúncia afirma possuir “documentos (originais) que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo durante os governos Covas, Alckmin e Serra e que tinha como objetivo principal o abastecimento do 'caixa dois' do PSDB e do DEM”.
O relatório foi produzido em meio a negociações do autor, que participava do acordo entre a Siemens e o Cade, pelo qual a multinacional ajudaria a investigar o esquema de cartel em obras e serviços de manutenção do metrô e dos trens metropolitanos de São Paulo e do Distrito Federal.
O ex-diretor da Siemens recebeu orientação de um deputado do Partido dos Trabalhadores, fato que é destacado pelo jornal no meio da reportagem, o que pode gerar controvérsias sobre intenções dos protagonistas, mas não altera o teor explosivo dos documentos.
A Siemens tinha interesse em ver investigado o caso de cartel porque corria o risco de vir a ser prejudicada em futuros negócios com governos, não apenas no Brasil. O executivo, apontado como o principal informante no acordo de leniência, pretendia ajudar a empresa e ao mesmo tempo negociava um emprego na Vale, pois depois do processo ficaria mal visto no mercado. Seu relatório, se levado às últimas consequências como foi o caso da Ação Penal 470, vai espalhar penas (judiciais) por todo lado.

A teoria do domínio do fato
A edição do Estado de quinta-feira (21) é um marco significativo na história das coberturas de casos de corrupção pela imprensa brasileira. O jornal assume que se trata do “primeiro documento oficial que vem a público que faz referência a supostas propinas pagas a políticos ligados a governos tucanos”. Até então, observa o jornal paulista, o Ministério Público e a Polícia Federal apontavam suspeitas de corrupção que envolviam apenas ex-diretores de estatais, como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Como o relatório do ex-diretor da Siemens foi entregue ao Cade em abril, é possível que outros jornais, como a Folha de S.Paulo, também já tivessem conhecimento de seu conteúdo. Agora, toda a imprensa está obrigada e retomar a cobertura do escândalo a partir do ponto definido pela revelação do Estado.
Não se trata mais, portanto, de um caso de cartel, mas de um dos mais graves esquemas de corrupção da política brasileira, cujas consequências podem ser observadas diariamente nos trens lotados, nos congestionamentos de trânsito e nas carências da infraestrutura de transportes na região da capital paulista. Some-se a essa revelação o caso do esquema de propinas que desviou quase meio bilhão de reais dos cofres da prefeitura paulistana na última década e temos um quadro de sonhos para os jornalistas com apetite para a investigação.
Certamente há influências políticas e interesses do PT no Cade, como já foi fartamente explorado pelos jornais, mas isso não impediu a imprensa de explorar obstinadamente outros escândalos, quando os papéis estavam trocados.
O relatório divulgado pelo Estado de S.Paulo cita explicitamente o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal, Jurandir Fernandes, Edson Aparecido e Rodrigo Garcia, além do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM) e o atual vice-governador, Tadeu Filipelli (PMDB). “Além de envolver muitos projetos e dezenas de pessoas, o esquema de corrupção se estende por um longo período”, diz o relatório, segundo o jornal paulista.
Agora, o leitor e leitora atentos esperam que a imprensa aplique ao caso algumas das teses consagradas recentemente pelo Supremo Tribunal Federal, como o princípio do domínio do fato, e acompanhar a consolidação de “uma nova era na democracia brasileira – a Era dos Corruptos na Cadeia”, como anunciou a revista Época em sua última edição.
Fonte - Blog do Miro ( Altamiro Borges)  21/11/2013

Metrô de Porto Alegre tem oito interessados

Metrô

RF
foto - ilustração
A prefeitura da cidade de Porto-Alegre realizou na segunda-feira (18/11) uma sessão pública para o recebimento das Propostas de Manifestação de Interesse (PMI) das obras do metrô. Foram recebidas oito propostas – seis empresas, um consórcio e uma de um engenheiro civil, como pessoa física.
As empresas que entregaram propostas foram ATP Engenharia, de São Paulo; CR Almeida Engenharia, do Paraná; ETM Engenharia, do Rio Grande do Sul; Triunfo Participações e Investimentos, do Paraná; Construtora Queiroz Galvão, do Rio de Janeiro; Logistel, de Portugal; o grupo Invepar/Odebrecht, do Rio de Janeiro; e o engenheiro civil gaúcho Paulo Affonso Soares Pereira.
A PMI consiste em entregar a documentação referente à habilitação jurídica, projeto funcional, modelo de negócio e plano de trabalho. O próximo passo para as empresas é desenvolver e entregar os projetos completos e detalhados no prazo de 90 dias.
Fonte - Revista Ferroviária  21/11/2013

Qual o segredo de Dilma?... atacada por todos os lados

Política


Atacada por todos os lados, qual o segredo de Dilma?

Balaio do Kostcho
Atacada diariamente pelo pensamento único da grande mídia, por grupos de financistas e empresários, analistas econômicos e especialistas em geral, largos setores do PMDB e até do PT, os seus principais partidos aliados, com problemas sérios na economia e no Congresso, o noticiário negativo do mensalão e tudo mais jogando contra, como explicar a cada vez mais folgada liderança da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas para 2014 (no último Ibope, tinha mais intenções de voto do que o dobro dos seus prováveis adversários somados)?
A cada nova pesquisa, esta é a pergunta que mais me fazem. Acho que a causa desta aparente contradição é demográfica e geográfica: o lugar onde moro e o meio social em que convivo é o mais crítico em relação ao governo do PT desde a primeira eleição de Lula e o mais refratário à revolução social que se deu no país nos últimos anos. Este Brasil velho e o novo Brasil são dois países que não se cruzam.
O maior eleitorado, tanto de Dilma como de Lula, vive nas regiões mais pobres e distantes do país, não costuma ler jornais nem acompanha blogueiros limpinhos, e ainda tem, sim, maiores dificuldades de acesso à educação e à saúde, mas sente que a sua vida melhorou na última década. Por isso, quer a continuidade deste governo, como mostram todas as pesquisas.
Enquanto a parte mais rica da população discute os aspectos ideológicos da importação de cubanos para o Mais Médicos e critica os programas sociais do governo, que chamam de assistencialistas, para quem nunca teve assistência médica, nem acesso à casa própria, vivia sem água e sem luz, sem renda e sem emprego, os governos petistas representaram uma radical mudança em suas vidas.
Claro que todo mundo quer muito mais e melhor depois que as necessidades básicas foram atendidas, tanto que, na mesma pesquisa Ibope, 38% dos entrevistados responderam esperar que o presidente "mudasse muita coisa". Creio que está correta a avaliação feita pelo marqueteiro João Santana, o grande guru de Dilma: "A pesquisa é clara: os brasileiros querem mudanças no governo, e não mudança de governo. A magia está na preposição".
A maioria da população, que vive no Brasil real, não está muito interessada em discutir o PIB, a balança comercial, o câmbio, os mensalões, os cartéis e as máfias, mas quer saber se tem emprego e renda para pagar suas contas no fim do mês, se tem escola para mandar seus filhos e posto de saúde com médicos e remédios para os casos de necessidade. Acho que isto ajuda a responder à pergunta do título, já que em nenhum momento Dilma se afastou da sua prioridade de governar para os mais necessitados e combater a miséria.
Para este largo contingente de eleitores, fica difícil trocar o certo pelo duvidoso, até porque a mídia ainda não encontrou um candidato de oposição para bancar e os que aí estão não conseguem dar qualquer esperança, uma ideia ou proposta nova que seja, de que, com a vitória deles, a vida dos brasileiros vai melhorar.
Muitos podem até não gostar do jeitão da presidente e do governo dela, mas quando olham em volta, encontram o que? Serra infernizando a vida de Aécio, e Marina e Eduardo, que disputam a mesma vaga, encantando o pessoal da grana pesada de São Paulo, que não tem muitos votos, como se sabe. Enquanto os quatro se limitarem a criticar Dilma, os números das pesquisas não mudam.
Em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, tucanos acharam que era só deixar Lula sangrar que logo o velho poder estaria de volta ao Palácio do Planalto. Faltou combinar com o povo, que continua com Lula e Dilma, como mostraram todas as últimas eleições.
Por falar nisso, os dois continuam sendo duas entidades numa só e todos os esforços feitos ao longo de quase três anos para intriga-los ou separá-los foram em vão. Talvez os nossos bravos analistas políticos não saibam de um trato que Dilma e Lula fizeram logo no início do governo dela.
A cada 15 dias, chova ou faça sol, os dois têm um encontro particular, em Brasília ou São Paulo, para juntos fazerem uma análise da situação e discutir os caminhos a seguir. Isto evita o fogo amigo das corriolas de um e de outro e mata no nascedouro qualquer tentativa de afastar criador e criatura. Até agora tem dado certo e pode nos ajudar a entender melhor o segredo da renitente popularidade de Dilma Rousseff.
Fonte - Balaio do Kostcho  20/11/2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Os do PT estão presos. Os outros, soltos e acusando - Bob Fernandes




Governo e oposição. Está posto, e se acirra no Brasil, um debate onde viseiras se tornam obrigatórias, cada vez mais. Debate esse que arrasta milhões e milhões nas redes sociais e nas mídias. Com ares de Inquisição, todo e qualquer assunto produz blocos rígidos.....


Brasileira é 1ª ativista do Greenpeace a deixar prisão

Ecologia

Priscila Arone
com informações da Associated Press e da Dow Jones
Agência Estado
Ag.-Reuters/A Tarde
Autoridades russas libertaram nesta quarta-feira a ativista brasileira do Greenpeace Ana Paula Maciel de uma prisão de São Petersburgo. Ela é a primeira integrante do grupo de 30 ativistas a sair da prisão, informou o grupo.
O pedido de fiança de Ana Paula foi aceito na terça-feira, um dia depois da divulgação da possibilidade de libertação sob fiança de três russos que faziam parte do grupo. Já o ativista australiano Clin Russell teve sua prisão preventiva estendida por mais três meses.
"Ana Paula Maciel deixou a prisão! Eles está livre! É a primeira dos 30 do Ártico", escreveu o escritório russo do Greenpeace no Twitter.
Ao deixar o local, Ana Paula segurava um cartaz no qual estava escrito "Salve o Ártico". Ela não conversou com os jornalistas que estavam do lado de fora do local onde ela estava detida. Ana Paula e seu advogado entraram num carro e seguiram para um hotel.
Tribunais russos determinaram que 17 dos ativistas podem deixar a prisão mediante pagamento de fiança. Audiências sobre os casos de outros 12 ativistas devem acontecer nos próximos dias. Todos são acusados por vandalismo.
Ainda não estava claro se os que forem libertados sob fiança poderão deixar o país ou transitar pela cidade. O grupo foi detido em 19 de setembro após tentar escalar uma plataforma de exploração de petróleo no Ártico pertencente à estatal russa Gazprom.
Fonte - A Tarde  20/11/2013

Brasil e Rússia querem intensificar negócios em US$ 10 bilhões

Internacional

Da Agência Lusa
foto - ilustração
Moscou - O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniram-se hoje (20) para discutir as relações bilaterais e aprofundar a "associação estratégica" entre os dois países.
"O Brasil é o nosso maior parceiro comercial na América Latina. Ambos, planejamos cumprir os acordos dos [nossos] presidentes para aumentar em um futuro próximo o volume de vendas até US$ 10 bilhões", disse Lavrov.
O chefe da diplomacia russa referia-se aos objetivos definidos pelo presidente russo Vladimir Putin e pela presidenta Dilma Rousseff durante uma reunião no Kremlin em dezembro do ano passado. As trocas comerciais entre 2005 e 2008 subiram, um crescimento que diminuiu com a crise, mas tornou a aumentar em 2011.
O ministro russo destacou o nível de colaboração entre os dois países em matérias como defesa, ciência, desporto e espaço. Ele informou que a Rússia e o Brasil assinaram uma declaração em que se comprometem "a não ser os primeiros a lançar armamento para o espaço".
Os ministros abordaram também o polêmico programa nuclear iraniano e o conflito na Síria. Lavrov destacou a contribuição do Brasil "na busca de caminhos para reduzir as tensões em torno dessa questão".
Figueiredo agradeceu a Lavrov pelo "seu papel na resolução do conflito sírio". Os ministros comentaram, também, o problema da espionagem americana, tema sensível para o Brasil que reagiu com indignação às notícias de que Washington teria feito escutas nos telefones e no correio eletrônico de Dilma Rousseff.
"A nossa tarefa é garantir a proteção dos direitos humanos fundamentais como o direito à intimidade", disse Figueiredo. O ministro russo, por sua vez, defendeu a aplicação de regras de "comportamento comum no ciberespaço" e recordou que Moscou propõe "aceitar obrigações de não interferir nas vidas privadas dos cidadãos".
Luiz Alberto Figueiredo exprimiu a sua satisfação pela decisão da Justiça russa de conceder a liberdade sob fiança à ativista do Greenpeace Ana Paula Maciel, detida com mais 30 ecologistas na Rússia.
"Estou muito contente com a coincidência de ter sabido da decisão do tribunal quando cheguei à Rússia", destacou o ministro brasileiro, numa referência à medida acordada ontem pelo Tribunal de São Petersburgo sobre o caso do Arctic Sunrise, o barco do Greenpeace envolvido em um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, no dia 19 de setembro.
Fonte - Agência Brasil  20/11/2013

Ilê Aiyê: 40 anos de ritmo, de força e de raça na Bahia

Cultura

Allan da Rosa 
Rede Brasil Atual
EBC
A paisagem sonora faz dançar, entoar versos, beijar. O cortejo acaricia a noite e as cicatrizes cotidianas que há séculos arranham a pele preta. Imperam congas, surdos, repiques, timbaus. Milhares de pessoas sobem o Curuzu, no bairro da Liberdade, em Salvador. “É hoje a saída do Ilê, você vai?” O asfalto e as paredes trepidam. “É na frente do terreiro, os percussionistas vestidos com a roupa do cortejo esperam as pombas, as cornetas e a pipoca sagrada, que é a bênção da Iyá. Eu chego cedo pra ver esse rio negro enchendo, inundando os becos, as ruelas e as ladeiras”, diz Daniela Luciana, associada do Ilê Aiyê há dez anos.
Orgulhosa, a abertura do carnaval do Ilê traz grandeza ao povo do bairro e de Pero Vaz, Boa Vista de São Caetano, Fazenda Grande do Retiro, Paripe e de tantas quebradas, vielas e escadarias de Salvador, há séculos violentadas. As vestes esbanjam elegância e cor, o cortejo é fino. “O mais belo dos belos” vem cantando reinos antigos, guerreiros contemporâneos, ciências milenares. Daniela ressalta: “Eu vou sentindo, cantando e sorrindo, vendo o trabalho de um ano ganhar corpo na rua. São médicos, motoristas, professoras, garis, baianas de acarajé, com suas fantasias esplêndidas de herança africana na saída do Ilê Aiyê, e aqui se misturam aos universitários, turistas e moradores. Sem cordas. O Curuzu não comporta amarras. Cada passo é lento e ritmado, cada movimento é denso. E é tanta gente aqui em volta que o espaço precisa ser bem usado para dançar”.
Em quatro décadas de percussão tesa, o Ilê almeja, sim, a divisão de poder. Na­ ­capital da Bahia, segue escancarada a­ ­divisão entre a podridão e o luxo, a marca de cor entre quem é esbofeteado, encarcerado ou assassinado e a leva de “gente bonita”, como Claudia Leitte defi­niu seus pares e seu público pagante no circuito carnavalesco da Barra-Ondina.
A história dos africanos não começa com o cativeiro, mas em calendários antigos, repletos de conhecimento geográfico, arquitetônico, matemático, astronômico, estético. Assim o Ilê Aiyê organiza um revide civilizatório, um reinado de autopreservação e resistência. E promove inspiração. Como conta Beth Belli, diretora do Bloco Ilú Obá de Min, que há anos abre o carnaval paulistano com sua bateria composta apenas por mulheres: “O que me inspirou foi ter ido à Bahia em 1990, ver o bloco do Ilê. Isso tem de ter em São Paulo, me ficou esse pensamento fixo, e depois fizemos o Oriaxé e o Ilú Obá de Min”.
A atriz Vera Lopes, da companhia Caixa Preta, em Porto Alegre, e ativista desde os anos 1970, também lembra a inspiração do Ilê: “Nos anos 80, Oliveira Silveira (poeta gaúcho que teve a ideia do 20 de novembro como feriado) e o grupo Semba divulgavam as músicas do Ilê em espetá­culos aqui no sul do Brasil. Era lindo. ­Todas nós queríamos ir à Bahia conhecer o Ilê e desfilar no bloco”, conta Vera, ­para quem as músicas do grupo baiano são uma trilha sonora da vida. “Na cola­ção de grau de minha filha Camila em Jornalismo, a música foi Coisa de Negro, do Ilê. Na minha colação em Direito, escolhi Minha Origem (‘Se me perguntar/ de que origem eu sou,/ sou de origem africana,/ com muito orgulho, sou’). E minha filha Quênia escolheu para encerrar a cerimônia de seu casamento a Que Bloco É Esse? (‘Eu quero saber./ É o mundo negro/ que viemos mostrar pra você’).”
Nos ensaios e concursos de beleza, as mulheres então são Candaces, as rainhas guerreiras núbias. No cortejo do Ilê Aiyê, o perfume das quilombelas exala por onde no dia a dia flui também o cheiro do abandono, do lixo não recolhido. No bairro da Liberdade se devolve a dignidade a uma comunidade acostumada à casca-grossa e ao descaso. O Elevador do Plano Inclinado, que liga as cidades alta e baixa, que transporta o povo da Liberdade à Calçada e dali às paragens ferroviárias suburbanas, está quebrado há tempos.
Já é chacota internacional, e a piada teria graça não fosse desesperadora a subida com varizes, crianças de colo, marmitas e sacolas. O pessoal então desce traquejado o escadão íngreme ou inventa caminho pelas frestas e matagais do morro, que só quem é de lá conhece. Ou para subir encara as horas de espera pela perua que a prefeitura arranjou. A cidade se entope num colapso e cada vez menos ilude quem chega a Salvador com a cabeça na Itapuã de Dorival Caymmi.

A efervescência é negra
Pesquisas atestam o fluxo de objetos e ideias durante toda a história da diáspora africana pelas Américas. Nos anos 1970, os jovens baianos, antenados com a efervescência que vinha da descolonização dos países africanos desde os anos 1950 e com a força artística e política dos movimentos negros dos Estados Unidos, como o Black Power e o Soul Funk, e a luta por direitos civis, também se nutriam das bandeiras esparramadas pelo mundo com o sucesso e a filosofia rastafári do ­reggae jamaicano.
Em plena ditadura, com data de fundação registrada em novembro de 1974, o Ilê Aiyê se batizaria com o nome Poder Negro, mas foi advertido do perigo de afrontar o controle nacional dos generais. O escritor baiano Landê Onawale registra: “Era uma época pré-abertura política. Tudo que parecesse interferir na tal ordem não era visto com bons olhos”.
Salvador é uma das cidades mais importantes da diáspora africana, com cerca de 80% da sua população composta por ­afrodescentes. Marcas coloniais da antiga­ capital do país estão na sua ­arquitetura ­residencial ou nos fortes que pintam o ­litoral. E também na nítida divisão de classes e cores marcada pela desigualdade no acesso ao dinheiro e aos equipamentos públicos de qualidade.
A frase “Não me peça pra te dar a única coisa que tenho para vender” se impôs na entrada do Ilê por anos, rastro aceso da história da gente que, segundo as leis da Colônia ou do Império, eram peças, e não pessoas. Gente que saía para vender ofícios ou alimentos na cidade, escravos de ganho que voltavam depois com as ­moedas para o dono, mas também juntando cobres para comprar a própria alforria, a da família ou ajudar na coleta e na organização de grupos e levantes negros, grande temor dos senhores no século 19. Nessa época, pelo Atlântico, imensa parcela de chegados ao porto da Bahia vinha do oeste africano, onde hoje estão países como Nigéria, Senegal, Mali.
Das quebradas soteropolitanas também surgiram grandes revoltas urbanas de escravizados. A mais célebre foi o Levante dos Malês, em 1835, que culminou numa série de outras revoltas que pipocavam desde os rumores da independência do Haiti, em 1792. O Levante dos Malês, que condenou seus líderes ao degredo, evidenciou como a efervescência social em qualquer ponto da África se ligava ao chão de cá, no caso a presença islâmica nos conflitos por reinos, divisas e rotas do tráfico de minérios e de pessoas.
“Penso que a relação mais íntima que temos com a história da cidade é a do inconformismo. Nunca aceitamos plenamente a ideia de que somos uma subcategoria de cidadão, e nos insurgimos pelos meios mais diversos – alguns até travestidos de submissão”, diz Landê Onawale. Por exemplo, como explica o escritor, a relação ambígua entre vários blocos, mestres, artistas e terreiros e o governante de plantão, sobretudo Antonio Carlos Magalhães. “A relação de várias organizações negras com a chamada direita era de troca, como são as relações políticas em geral. Poderia dizer que uma troca muito desigual, mas uma troca. A turma queria botar o bloco na rua e via no governo um óbvio aliado. Para o carlismo, era a possibilidade de evidenciar uma suposta aliança com o povo – o povo negro, no caso da Bahia...”

Educação com autonomia
Em 2003, a Lei nº 10.639 instituiu o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Enquanto ainda se batalha em muitos cantos do país para que currículos, didáticas, formação de professores e espaços físicos das escolas estejam aptos à concretização da lei, o Ilê já há décadas cristaliza seu propósito com a Escola Mãe Hilda.
“As ações da escola e todo o nosso projeto pedagógico antecedem as dis­cussões da lei”, diz ­Edmílson Alves, um dos responsáveis pelo Projeto de Extensão­ Pedagógica do Ilê Aiyê. “­Todos os temas que o Ilê, ao longo destes anos, ­trabalha de forma interdisciplinar sempre ­trazem importantes conteúdos históricos e ­pedagógicos sobre a população negra, sejam temas que já descansam no berço da história, sejam ações contemporâneas.”
Povos Ashanti, heróis Mandinka, civilizações Bantu, façanhas da história da Guiné, de Minas Gerais e do Equador. Esses temas já cantados pelo Ilê frequentaram também os Cadernos de Educação, livros desde 1995 editados com uma plástica que destaca a estética africana.
“Não estamos falando do aprendizado estático, estamos falando de vivência educacional de identidade cultural e social cotidiana. Ela flui a cada cidadão do bairro da Liberdade e seu entorno. E o princípio referencial de tudo é o Ilê Axé Jitolú, um templo de candomblé, uma casa matriarcal por excelência”, completa Edmílson.
Crianças com baixo aproveitamento passaram a apresentar níveis qualitativos acima dos 80% de aprovação, a partir de metodologias e materiais que dialogavam positivamente com suas histórias e corpos. Visitas a museus, terreiros de candomblé e bibliotecas, pautadas no respeito e no conhecimento da história e da cultura afro-brasileira, foram fundamentais. “A escola foi idealizada por uma matriarca, aguerrida, comprometida com os direitos civis. No mês de setembro temos a Semana da Mãe Preta, com seminários, palestras, oficinas, em que mulheres reconhecidas e anônimas são homenageadas. A escola é laica e a orientação religiosa das crianças é diversificada, respeitando a pluralidade e o multiculturalismo”, afirma a coordenadora pedagógica Jô Guimarães.
É uma resposta aos impactos do racismo que atinge a saúde mental e física. Prevalece uma razão antiga, irmanada aos dilemas de seu povo, mantendo a sede e a fonte limpas, já que o que vem de longe nenhum racismo, nenhum colonialismo pode aniquilar: a alma dos povos ancestrais em suas expressões vitais.

Do mocambo ao show
De janeiro em diante, nas esquinas se debate o fervor do carnaval. Os hits fabricados para a estação dominam o volume máximo e trazem um leque de novas celebridades ao palco dos já miliardários agitadores da folia. É tempo também de turismo voraz, de gente de todo canto pagando alto por abadás que a proteja da porrada que sobra aos pipocas – os que acompanham os trios elétricos na beirada das cordas que os dividem dos pagantes.
O mote “sorria, você está na Bahia” é contestado o ano todo por vários movimentos sociais, mas no carnaval a onda é sair da frente. Estatísticas de 2010 dizem que apenas 22% da população de Salvador participa do carnaval. Decresce assim como o percentual de paulistanos ou cariocas que integram os carnavais oficiais em suas cidades. Há algo muito sintomático quando escolas como a Unidos de Vila Isabel chegam a anunciar em jornais, em 2011, que buscam negros para compor suas alas... E quando boa parte dos que desfilaram na Portela em 2011 eram não moradores do Rio que compravam a fantasia na véspera, decorando apressadamente o samba-enredo.
Em Salvador, desde os anos 1980, músicas de sucesso das quadras dos blocos afro eram compradas por atentos emissários das bandas de trio. Os compositores recebiam trocados pelos direitos autorais, e o mercado fonográfico e as produtoras de shows de trios elétricos arrecadavam fortunas com os refrões dos discos de platina, alimentados por participações em programas de auditório, as repetições nas FMs e os carnavais “fora de época” em várias cidades do país.
A relação entre bandas de trio elétrico e blocos afro a partir dos anos 1980, tanto no uso de direitos das músicas geradas pelos blocos negros como na distribuição de verba municipal e de publicidade em Salvador, extremamente desigual, proporcionou, porém, novas musicalidades e ocupações do espaço cênico ou comunitário. Ações de raiz comercial eram respondidas aqui e ali com reações de raiz cultural. Nesse tom, blocos como o Ilê Aiyê, Muzenza e Malê Debalê mantiveram suas características primeiras, com a percussão acústica da vasta bateria mais a rainha do bloco e seus cantores sobre a caminhonete que puxa o cortejo.
Fonte - EBC  20/11/2013

Mobilização é o segredo de comunidade quilombola da Bahia

Cidadania

Thaís Antônio
Enviada Especial da EBC

Cachoeira (BA) - Aos 57 anos, Juvani Jovelino, da Comunidade Kaonge, da Bahia, se apresenta primeiro como professora e depois como líder espiritual dos quilombolas. “Sou primeiro professora porque eu sempre tive esse sonho de ensinar, para que as crianças da comunidade não saíssem dadas [fossem entregues para algum parente ou conhecido criar], como eu fui”, diz. Juvani deixou sua comunidade aos 7 anos para morar com a madrinha “para estudar e não ficar burra”, contou à Agência Brasil.
Ela jamais quis estudar fora da comunidade. Depois

de ter ido morar com a madrinha, Juvani só voltava nas férias, a cada seis meses. O dia de partir para a escola era sempre um sacrifício. “Não queria sair. Chorava na saia da minha mãe, chorava na saia da minha avó”, lembra. “Mas a parte formidável é que eu aprendi muitas coisas. Aprendi a bordar e a costurar.”
Ser professora com diploma e anel no dedo, era um sonho de criança. A morte do pai e da mãe em menos de um ano interrompeu o sonho de Juveni quando tinha 16 anos. Como estudava fora, teve de voltar para cuidar dos oito irmãos – a mais nova tinha 3 anos – e parou de estudar na 7ª série.
Mesmo com a vontade constante de retomar as aulas, o seu retorno às tradições da comunidade não foi fácil. Ela teve de lidar com a perda e com a falta de habilidade para desenvolver as atividades do quilombo. “Eu não sabia fazer nada. Aí eu fui aprender a ir para a maré, que é a sobrevivência da comunidade, tirar ostra, tirar sururu, cavar mirim na lama, fui aprender a bater azeite, catar dendê, limpar mandioca e a plantar manaíba”, revela. Com o tempo e a ajuda das pessoas, a menina aprendeu “a fazer tudo para a manutenção da nossa sobrevivência.”
A professora herdou do pai um terreiro de umbanda e duas mesas com “dois bancos de tira”. Decidiu assumir a espiritualidade e a vocação de professora. Passou a dar aulas para as crianças da comunidade nas mesas do pai. Chegou a ter 68 alunos. As pessoas pagavam as aulas com marisco, farinha, batata e mandioca. “E eu ficava satisfeita porque eu não tinha”, lembra.
As aulas eram dadas debaixo de um pé de manga, porque a casa era pequena para a quantidade de crianças. “O meu giz era carvão. O papel dos meninos escrever, era papel pautado ou papel de embrulho, em que se embrulhava o arroz e o feijão naqueles tempos”, lembra. Depois, chegou o quadro-negro. Giz só vinha da cidade, de vez em quando.

“Se antes era bom ficar dentro da comunidade, hoje é bem melhor. Pelo seguinte: hoje, no colégio tem computador, geladeira, televisão, caixa de som amplificada”, diz. Juveni acrescenta que a escola também conta com infaestrutura básica antes inexistente como a água encanada. Antes da água chegar pelas torneiras ela recorda o tempo que carregava potes na cabeça .
O lema da comunidade é “Um por todos e todos por um”. “Aqui ninguém se divide. A gente ensina isso no colégio. Outro dia, em uma aula de pintura, para eles não se esquecerem o que é importante, eu perguntei qual era a sobrevivência maior da comunidade. Eles responderam: ‘ o dendê e a maré”. Aí eu disse: É issoaí!”.Juvani casou-se, teve dez filhos – muitas delas professoras – e é diretora da escola da comunidade e líder espiritual dos kaonges. Faz palestras com sua história para os turistas que visitam a comunidade. Debaixo de um pé de tamarindo, ela aponta a mangueira sob a qual dava aulas. A vocação de ensinar, ela não esquece.
Fonte - Agência Brasil  20/11/2013

TRÊS SÉCULOS APÓS A MORTE DE "ZUMBI",negro ainda é discriminado

Cidadania


Comemorado nesta quarta-feira, 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra deve servir para que os brasileiros reflitam sobre a desigualdade, a intolerância e o preconceito ainda existentes na sociedade. É o que revela nota técnica do Instittuto de Pesquisa Econômica Aplicada ao mostrar, por exemplo, que, em Alagoas, os homicídios reduziram a expectativa de vida de homens negros em quatro anos. “O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele”, diz o Ipea...

Da Agência Brasil

Brasília – Comemorado hoje (20), data da morte de Zumbi dos Palmares, o Dia da Consciência Negra deve servir para que os brasileiros reflitam sobre a desigualdade, a intolerância e o preconceito ainda existentes na sociedade. É o que revela nota técnica do Instittuto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ao mostrar, por exemplo, que, em Alagoas, os homicídios reduziram a expectativa de vida de homens negros em quatro anos.
A nota Vidas Perdidas e Racismo no Brasil aponta que, além de Alagoas, estados como o Espírito Santo e a Paraíba concentram o maior número de negros vítimas de homicídio. ““Enquanto a simples contagem da taxa de mortos por ações violentas não leva em conta o momento em que se deu a vitimização, a perda de expectativa de vida é tanto maior quanto mais jovem for a vítima”, revela o estudo.
Os autores Daniel Cerqueira e Rodrigo Leandro de Moura, ambos da Fundação Getulio Vargas (FGV), analisaram até que ponto as diferenças nos índices de mortes violentas de negros e não negros estão relacionadas com questões como as diferenças econômicas, ao racismo e de ordem demográfica. “O componente de racismo não pode ser rejeitado para explicar o diferencial de vitimização por homicídios entre homens negros e não negros no país”, concluiram os pesquisadores da FGV.
Considerando o universo dos indivíduos vítimas de morte violenta no país entre 1996 e 2010, o estudo mostra que, para além das características socioeconômicas – escolaridade, gênero, idade e estado civil –, a cor da pele da vítima, quando preta ou parda, aumenta a probabilidade do mesmo ter sofrido homicídio em cerca de oito pontos percentuais.
“O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele”, dizem os técnicos. No estudo, eles concluem que essas discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros quando comparada aos índices do restante da população.
Coincidentemente, Alagoas, líder de mortes violentas, especialmente o homicídio, contra negros e pardos também simboliza a luta dos africanos escravizados trazidos da África, no século 19, para trabalhar nos canais. A personificação desta luta que, pelos índices apresentados no estudo do Ipea, ainda perdura é Zumbi dos Palmares. Alagoano de nascença e natural de União dos Palmares, Zumbi – duende na língua do povo Banto, de Angola – liderou o maior quilombo do país.
Aos 7 anos, em 1670, ele foi capturado por soldados e entregue ao padre Antônio Melo, responsável por sua formação. Com o passar do tempo, Zumbi, batizado na Igreja Católica com o nome de Francisco, fugiu para o Quilombo dos Palmares onde impressiona os demais escravos fugidos de fazendas de engenho pela sua habilidade em lutas. Aos 20 anos, ele já tinha se tornado o maior estrategista militar e guerreiro, responsável pela derrota imposta pelos quilombolas na luta contra soldados fiéis ao império português.
Fonte - Agência Brasil  20/11/2013

FHC perdeu chance de ficar quieto

Política

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog


Em pronunciamento, ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso empregou termos duros. Referindo-se às denuncias dos prisioneiros do mensalão e seus advogados, que têm críticas consistentes ao julgamento, como tantos juristas admitem, chegou a dizer: “Temos de dar um basta nisso. Chega de desfaçatez.”

“Desfaçatez?”

“ Basta?”

O retrospecto do PSDB e de seu governo não autorizam um discurso nestes termos.
FHC só manteve-se no Planalto por oito anos depois de conquistar o direito de disputar a reeleição, num esquema de compra de votos em que se demonstrou aquilo que apenas se disse sobre o mensalão de Delúbio e Valério.
O repórter Fernando Rodrigues publicou, já naquela época, o depoimento de um certo senhor X, que organizou os pagamentos de parlamentares. Trouxe o depoimento, gravado, de um parlamentar que assumia ter embolsado o dinheiro. No livro Príncipe da Privataria, Palmério Doria completou o serviço. Entrevistou o próprio senhor X, revelou sua identidade verdadeira e explicou que ele comprou 150 parlamentares.
Outro dia, conversei com um deputado do PP que assistiu ao mercado da reeleição e me disse o seguinte: “O pessoal votava a favor e na saída do plenário já tinha gente esperando para acertar o pagamento em dinheiro junto a doleiros. Não tinha erro.”
FHC falou em tom crítico sobre adversários políticos que se tornaram prisioneiros, enfrentando medidas duras e espetaculares de Joaquim Barbosa que receberam críticas até de outros ministros do STF. A verdade é que muitos prisioneiros da ação penal 470 foram mais próximos de seu governo do que se imagina.
Marcos Valério começou a se aproximar das verbas do Visanet a partir dos diretores que o PSDB instalou no Banco do Brasil durante o governo de Fernando Henrique. Foram eles, no segundo mandato de FHC, que assinaram os primeiros contratos com a agência DNA, que seriam apenas renovados depois da posse de Lula.
O diretor responsável pelos pagamentos à DNA – aqueles que Joaquim Barbosa diz que foram desviados para subornar políticos – era um homem de confiança do governo Fernando Henrique, um diretor chamado Leo Batista.
Ele tinha esse papel no governo FHC. Seguiu na função depois de 2003. Se alguém foi tão decisivo para o esquema, seu nome não é Henrique Pizzolato, hoje foragido na Itália, mas Leo Batista. Estava acima de Pizzolato e tinha a prerrogativa de assinar os cheques.
FHC fez elogios às prisões ao lado de estrelas graúdas do PSDB. Uma delas era Geraldo Alckmin, cujo governo afunda-se em três gerações de governadores denunciados no propinoduto Alston-Siemens. Outro era o presidenciável Aécio Neves. Conforme a CPMI dos Correios, durante seu governo estatais mineiras fizeram dezenas de milhões de reais em depósitos nas contas da DNA. Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, sócios de Valério na agência, eram publicitários de reputação firmada no Estado. As relações de Cristiano Paz com Aécio se assemelham às relações de Nizan Guanaes com Fernando Henrique. Hollerbach integrou a coordenação da campanha de Aécio em 2002.
Um ditado popular ensina que não se deve falar de corda em casa de enforcado, mas o retrospecto mostra que há fundamento para FHC portar-se como se nada tivesse a ver com estes fatos e pessoas. Em 1997, o procurador Geraldo Brindeiro encarregou-se de enterrar a denúncia da compra de votos e a maioria tucana impediu que se fizesse uma CPI. Embora um homem de confiança do PSDB tenha sido o responsável final pelos pagamentos para a agência de publicidade do mensalão, nenhum deles foi investigado na ação penal 470. Por uma questão de hierarquia, deveria ter sido mais investigado do que Pizzolato. Pela proximidade, era um caso típico de coautoria. Sua investigação ocorreu em segredo, num inquérito paralelo, cuja existência só veio a público durante o próprio julgamento.
O propinoduto paulista foi investigado até na Suíça, mas é alvo permanente de um esforço para arquivar qualquer indicio e toda denúncia que possa envolver os tucanos e seus amigos. O procurador Rodrigo de Grandis recebeu oito solicitações do Ministério da Justiça para prestar esclarecimentos e não atendeu a nenhuma. O mensalão PSDB-MG está sendo investigado na primeira instância, em Belo Horizonte, com vagarosidade espantosa e metodologia diversa. Enquanto os réus da ação penal 470 não tiveram direito ao duplo grau de jurisdição, o STF autorizou que os mineiros tivessem um julgamento na primeira instância e, mais tarde, um segundo julgamento. Entre os petistas, viveu um clima de guerra civil para um pequeno grupo de condenados conseguir, após diversos lances de chantagem dos meios de comunicação contra Celso de Mello, o direito de apresentar embargos infringentes sobre uma das penas recebidas.
Como parece difícil de negar, a principal diferença entre escândalos tucanos e ação penal 470 é a blindagem.
Esse acesso assegurado à impunidade – 100% garantida até aqui na maioria dos casos – mostra que o PSDB não apenas dedicou-se às mesmas práticas que condena nos adversários, como tantos indícios confirmam, mas construiu um impenetrável muro de proteção sobre seus atos, situação que apenas eleva a gravidade do atos que cometeu.
Vamos combinar que não é um motivo honroso para FHC falar contra a “ desfaçatez” dos adversários.
Derrotado por Jânio Quadros na disputa pela prefeitura em 1985, quase ministro de Fernando Collor em 1990, Fernando Henrique pode sentir de perto os efeitos nocivos do nosso moralismo. Tem experiência demais para dedicar-se a ele.
Fonte - Blog do Miro ( Altamiro Borges)  20/11/2013