sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Metrô com passagem a R$ 0,10 - CALMA..... isso só na Coreia do Norte

Metrô

Terra
foto - ilustração
Criadas entre 1969 e 1972, as duas linhas de metrô que servem 17 estações em Pyongyang carregam, diariamente, 500 mil norte-coreanos - um quarto da população da cidade. No terceiro dia de viagem, fomos ver como funciona o metrô mais profundo do mundo.
A 100 metros do solo, o ar é úmido e ocre - tanto pela profundidade quanto pelo número de pessoas que enchem os carros. Mr. Kim, nosso guia local, me diz que, em dias de feriado nacional, o número de passageiros chega a 6 milhões.
Para turistas como o nosso grupo, apenas duas estações estão abertas à visitação. Entramos em Konguk e descemos em Yonggwang - duas belíssimas estações decoradas aos moldes do metrô de Moscou. Do topo da entrada até o subsolo, encontramos norte-coreanos surpreendentemente sorridentes. Uma mãe diz ao seu bebê para nos abanar e dizer "hello". Todos abanam uns aos outros - norte-coreanos e o nosso grupo de turistas. "É sempre assim, e todas as estações são igualmente decoradas", conta Mr. Kim.
Em Yonggwang temos a oportunidade de ver as pessoas indo e vindo de seus trabalhos. São 10h e as ruas estão cheias. Com um salário mínimo de cerca de US$ 50 (pouco mais de R$ 100), o transporte público é quase a única opção de transporte (além das bicicletas, que enchem o país) devido ao seu baixo custo - uma viagem de ônibus ou metrô custa US$ 0,05 (R$ 0,10), enquanto o quilômetro da corrida de um táxi pesa dez vezes mais no bolso dos moradores da capital.
À tarde é hora de voltar ao nosso meio de transporte oficial. O ônibus corre sobre uma estrada esburacada e, três horas depois, chegamos a Kaesong. É lá que ainda se mantém aberta para visitação a casa dos pais e avós de Kim Il-sun. Foi lá também que o "Grande Líder" nasceu e foi de lá que ele saiu, aos 13 anos, com a ideia fixa "de libertar o país da ocupação japonesa", diz a guia local.
Kim Il-sun não retornou à sua terra natal até que a sua promessa estivesse cumprida. E é por isso que o local mantém uma "aura de santidade". As guias pedem que ninguém pise na grama, não fale alto e muito menos saia correndo pelo gigantesco parque que circunda a antiga morada da família.
Nosso pequeno trio de turistas fica para trás, esperando a guia a apresentar todos os aposentos em inglês. Depois, temos de correr para alcançar o grande grupo, entrar novamente no ônibus e encarar, pela mesma rua esburacada, as três horas de estrada que nos separam do huo guo - um tipo de fondue bem comum em ambas as Coreias e também na China.
O restaurante, como todos os outros a que fomos levados, fica no meio do nada. Nosso ônibus entra em uma pequena viela dentro de um condomínio e, depois de muita manobra para dobrar no final da rua, estamos no meio de um terreno em construção - somente o nosso restaurante está finalizado.
À porta do prédio, uma senhora vende espetinhos de carneiro e maçãs e peras. Seria a primeira e a última vez que eu veria frutas na Coreia do Norte. A agricultura local não dá conta nem mesmo da plantação de arroz - o mais básico dos alimentos na Ásia. Em abril deste ano, depois de a China cortar o auxílio a Kim Jong-un, Pyongyang solicitou doações da Mongólia.
Mr. Kim diz que está cansado da viagem e não nos leva para um outro passeio noturno. Voltamos ao hotel e ficamos jogando pôquer e tomando cerveja norte-coreana.
Fonte - Revista Ferroviária  25/10/2013

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