sexta-feira, 28 de junho de 2013

Prefeitura de Salvador diz que é impossível implantar o passe livre

Fernando Duarte

Foto -  Tribuna da Bahia
Manifestantes foram às ruas de Salvador com reivindicações para o prefeito

O forte aparato policial nas imediações do Palácio Thomé de Souza foi em vão – o movimento foi integralmente pacífico, apesar de palavras ríspidas de um pequeno grupo. Cerca de mil manifestantes, arregimentados pelo Movimento Passe Livre Salvador (MPLS), pararam entre as sedes do Executivo e do Legislativo municipal, porém não chegaram a um consenso sobre representantes para serem recebidos pelo prefeito ACM Neto (DEM). Em coletiva, longe da manifestação, ACM Neto frisou sua predisposição em receber o movimento e descartou duas bandeiras das mobilizações, a redução da tarifa de ônibus urbano e a implantação do passe livre para estudantes.
“Salvador foi a única capital do país que não concedeu aumento de tarifas de ônibus. Tudo isso passa por conta, qualquer redução passa por subsídio e todo mundo sabe as condições da prefeitura de Salvador”, apontou o prefeito. Segundo ele, a falta de entendimento dentro do movimento foi o empecilho para que os manifestantes entregassem as reivindicações em mãos. “A prefeitura é o ambiente adequado para debater os temas relevantes para a cidade. Permitimos que o movimento pudesse chegar à Praça Municipal e à prefeitura. Não teve nenhum impedimento para que o movimento chegasse, segundo uma linha que já tínhamos adotado. Agora, tínhamos que receber um grupo que pudesse representar os manifestantes, mas não houve consenso da parte do movimento de escolher os representantes”, relatou o titular do Executivo soteropolitano.
De acordo com ACM Neto, medidas serão adotadas para melhorar a qualidade do transporte público na capital baiana, uma das principais bandeiras das mobilizações. Entre as ações do Executivo, o prefeito citou a reativação do Conselho Municipal de Transportes Públicos, com representantes da sociedade civil, e o processo de desenho da concessão do transporte público, ancorada num modelo de transparência e acompanhamento social. “Não existe solução rápida e imediata para a mobilidade urbana. Nós estamos usando uma lógica de médio e longo prazo para resolver os problemas”, sinalizou.
Em meio aos questionamentos sobre a não recepção dos manifestantes, o prefeito argumentou que um pequeno grupo tentava partidarizar a discussão, algo que, segundo ele, não deve acontecer. “Nessa linha de frente, próximo à prefeitura, tinham movimentos partidários. Não estou aqui para debater interesses partidários e tenho interesse de que essa não é a essência das pessoas que participam do movimento”, avaliou ACM Neto.
Aleluia reitera posição do gestor
Repleta de secretários municipais, a entrada da prefeitura foi palco para uma conversa entre o titular da pasta de Urbanismo e Transportes, José Carlos Aleluia, e manifestantes.
No teor, Aleluia assegurou que não há condições do Executivo reduzir as tarifas de ônibus ou adotar o passe livre para estudantes.
“Absolutamente não. Não se pode gastar um quarto do orçamento do Município que é de R$ 4 bilhões”, afirmou o secretário – único do primeiro escalão a tentar dialogar diretamente com o movimento, o chefe da pasta foi vaiado pelos manifestantes.
O posicionamento foi dado minutos antes de o prefeito ACM Neto argumentar que “não vai tirar dinheiro da educação e saúde para reduzir a tarifa”.
“Qualquer redução tem que vir de isenções do governo federal. A prefeitura está quebrada”, avaliou o chefe do Executivo soteropolitano.
ACM Neto, no entanto, citou ações pontuais da prefeitura que contribuem para atender parte das reivindicações das manifestações.
“Solicitei ao secretário Aleluia que determine que as empresas divulguem as planilhas de custos do sistema de transportes. O cidadão tem o direito de saber o que compõe a tarifa”, sinalizou.
“Oficialmente, eu não recebi as reivindicações, então não posso falar sobre elas”, tangenciou o prefeito, ao indicar que há um documento protocolizado no Executivo contendo as demandas.
Segundo o vereador Léo Prates (DEM), uma carta similar foi entregue à Câmara Municipal.
“Recebemos o documento e falei há pouco com o presidente Paulo Câmara. Na quarta-feira, vamos votar a realização de uma audiência pública, como solicitado pelo movimento”, relatou Prates.
Fonte  - Tribuna da Bahia 28/06/2013

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