terça-feira, 4 de junho de 2013

Mobilidade pelo trilho - Opinião

Opinião: Mobilidade pelo trilho

Diário do Nordeste

Os desacertos políticos em torno dos projetos de adequação de Fortaleza para os eventos da Copa do Mundo, entre Estado e Prefeitura, na administração passada, determinaram atraso substancial na execução das obras do Veículo Leve sobre Trilhos. O trem ligará o Mucuripe ao sistema leste do metrô em Parangaba.
Foto - ilustração
Outro fator consequente para o atraso na execução dos trilhos do VLT foi a primeira estimativa da necessidade de desapropriação de 2.500 imóveis construídos, de forma irregular, à margem da estrada de ferro da Rede Ferroviária Federal. A reação dos moradores implicou em mudanças parciais no plano inicial da obra.
O Estado, responsável pelo empreendimento, chegou a acenar com a indenização, em dinheiro, das habitações erguidas próximas dos trilhos, com risco de acidentes provocados pelo peso das composições e a quantidade de pessoas residentes. Além desse benefício, haveria também, para cada atingido, um apartamento construído no entorno do Conjunto José Walter Cavalcante.
Mesmo assim, houve radicalização de posições e o perigo de atraso consequente nas obras, porquanto, mesmo com tantas vantagens, os moradores se negavam a deixar as habitações precárias. Todas elas foram construídas em desacordo com as posturas municipais, em nesgas de terrenos pertencentes à autarquia, na contramão da segurança exigida pelo transporte ferroviário.
A empresa ferroviária claudicou ao tolerar a ocupação irregular do espaço imprescindível ao tráfego das composições de carga entre Parangaba e o Porto do Mucuripe. Esse mesmo descuido ocorreu ao longo da Avenida Tenente Lisboa, ligando Jacarecanga ao Distrito de Antônio Bezerra, servindo de canal de escoamento para o ramal ferroviário entre a estação central e Caucaia.
A inadvertência para impedir a expansão rotineira das habitações improvisadas, muitas delas transformadas, posteriormente, em casas confortáveis, cria atualmente embaraços para o aproveitamento da avenida, à margem da via férrea. Ela seria mais uma opção do sistema de tráfego entre o Centro da Capital e o Distrito de Antônio Bezerra, a custo relativamente baixo.
Diante do impasse criado com os ocupantes das margens da via férrea por onde irá circular o VLT Parangaba-Mucuripe, o Estado alterou a estratégia de enfrentamento das reações. Em primeiro lugar, dividiu a execução da obra em três fases. Na primeira fase, atacou os trechos dos 12,7 quilômetros de extensão da nova via férrea que independiam de indenizações.
Na segunda fase, reviu o número de imóveis previstos no plano de indenizações, de modo a desarmar os conflitos. Pelo visto, nem todas as casas serão erradicadas, não se sabendo como será feita a compatibilidade do movimento operacional dos trens com a qualidade de vida dos moradores dos trechos conservados, incluindo-se nessas preocupações a segurança dos resistentes às mudanças.
Por último, os novos trilhos começam a ter suas bases fincadas ao longo do trecho em que não há conflitos de interesse. Especialmente nos cruzamentos com viadutos, os canteiros de obras funcionam a plena carga. Dessa maneira, existem condições da via de circulação do VLT ser entregue antes da Copa.
O metrô, elevado ou enterrado, tem sido o meio de transporte urbano capaz de equacionar as questões de mobilidade nas grandes cidades do mundo. Espera-se para o de Fortaleza igual papel, mesmo com atrasos nos cronogramas.
Fonte - Revista Ferroviária  03/06/2013

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