sexta-feira, 7 de junho de 2013

BRASIL - A PRÓXIMA POTÊNCIA MILITAR

A capacidade militar do estado aumenta com o seu crescimento econômico e as necessidades políticas. Aqui estão vários motivos por trás do desenvolvimento militar brasileiro.


Gettyimages
Santiago Perez
31/05/ 2013
Durante os últimos oito anos, o Brasil tem aumentado seus investimentos militares de quase 500%. Embora a economia do Brasil tem crescido substancialmente na última década, a pobreza continua a ser os principais problemas sociais. Por que, então dedicar recursos significativos para estes desenvolvimentos militares? A perspectiva estratégica de longo prazo, as novas necessidades decorrentes do crescimento econômico nacional, a defesa dos recursos naturais e da posição brasileira no concerto geopolítica global são, em termos gerais, algumas das respostas.
Para começar, devemos lembrar que o Brasil é um país com uma extensa, diversificada e rica geografia. Possui uma área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 23.102 km de fronteiras terrestres e marítimas. O país possui as maiores reservas de água doce em todo o mundo, bem de valor inestimável em um mundo cada vez mais sedento.Atualmente, estima-se que uma boa pate da população brasileira ainda não dispõe  de acesso a água potável e  por isso a gestão dos recursos hídricos será, sem dúvida, uma das principais questões de política externa do século. A Amazônia é considerada o pulmão do planeta , é um elemento importante para o equilíbrio climático global, pela sua vastidão e características da vegetação. Esta selva de 6 milhões de quilômetros quadrados é um 63% em território brasileiro. O petróleo é outro recurso estratégico. Durante anos, o desenvolvimento industrial do país tinha sido criticado por sua dependência das importações de combustíveis. Depois de anos de investimento, a empresa estatal Petrobras descobriu reservas offshore significativas na bacia do chamado pré-sal, o que poderia fornecer cerca de 40% da demanda de petróleo do país no médio prazo. A defesa e o acompanhamento adequado de tão ampla geografia exige uma logística complexa que está dentro da lógica da defesa nacional e é aí que as forças armadas têm um papel muito importante.
Ao mesmo tempo, o Brasil faz fronteira com 10 países num total de 15.735 quilômetros. O aumento dos fluxos migratórios,como resultado do crescimento econômico os problemas com o contrabando exigem uma vigilância rigorosa. Outra questão sensível é o tráfico de drogas. Peru, Colômbia e Bolívia, países que fazem fronteira com o Brasil, são os três maiores produtores de cocaína do mundo e o Brasil é o segundo maior consumidor (superado apenas pelos Estados Unidos). A fronteira do Brasil com esses países é um terreno acidentado, atravessado por cadeias de montanhas, muitos rios e áreas de selva de difícil acesso. A urgente necessidade de monitorar essa fronteira porosa é um fator pelo qual o país precisa de um qualificado poderio militar para enfrentar estas questões.
Também é interessante a maneira que o aumento do derramamento de gastos com defesa arrasta o benefício para o complexo militar-industrial. No Brasil, esse fenômeno se materializa na indústria aeroespacial, onde a Embraer tem o papel-título. A empresa produz  aeronaves de vigilância e reconhecimento com o mais alto nível de tecnologia. Com relação ao desenvolvimento de transporte militar a empresa tem nele,o mais ambicioso de seus projetos. O Embraer KC-390, é uma aeronave capaz de mover 21 toneladas, incluindo veículos blindados. A unidade terá um desempenho superior ao do seu concorrente, o Lockheed Martin Super Hercules. Vários exércitos latino-americanos e até mesmo europeu já demonstraram interesse na referida aeronave,e portanto são mostrados como um investimento em tecnologia de armas que pode resultar em exportações de bens industriais com alto valor agregado.
Sem dúvida, são necessidades da política externa em ocupar um lugar de destaque dentro da estratégia de desenvolvimento militar. Por sua posição geográfica, demográfica e econômica o Brasil é o líder político natural da América do Sul. Supremacia militar regional é um fator importante para a consolidação de tal liderança. Não é por acaso que o Estado brasileiro tem o maior orçamento de defesa na região para triplicar o da Colômbia, seu rival mais próximo. Acontece que ao analisar suas metas, Brasília tem observado mais de perto os passos de outras potências emergentes do mundo,que os movimentos de seus vizinhos. Os 31.576 mil.de dólares que o levam para a sua posição de XI como o maior país investidor no setor de defesa a nível mundial. O segundo das Américas (atrás EUA) e em sexto lugar no Hemisfério Ocidental. A partir desses números, é claro que o olhar das autoridades brasileiras mais vocacionado para o equilíbrio de poder global para a questão regional. A vocação é ocupar uma área de importância dentro do sistema internacional multipolar emergente. A questão do status quo do Conselho de Segurança das Nações Unidas também está sobre a mesa. Por agora, a discussão sobre o atual modelo dos cinco membros permanentes herdados da Segunda Guerra Mundial está fechada. Uma força militar eficaz será uma questão necessária, mas não suficiente para uma possível futura abertura dos novos membros preveem os órgãos,para incluírem  o Brasil.
A construção de submarinos nucleares em cooperação tecnológica com a França, está em andamento. A base naval brasileira trabalha em Itaguaí, localizado no Estado do Rio de Janeiro, onde as unidades operam. Enquanto este é um projeto de artesanato que se mostra funcional só depois 2020, fica claro que a visão é de longo prazo e real-Defense, é uma política de Estado mais como prioridade de uma administração específica. Por que construir um submarino de propulsão nuclear? Os 7.367 quilômetros de litoral e a proteção da riqueza mineral existentes assim exigem. Para outra discussão sobre a soberania ou a exploração de recursos na Antártida poderia ser aberta a longo prazo (por enquanto qualquer reclamação está congelada pelo Tratado da Antártida). No Itamaraty a questão do sexto continente é visto como uma questão regional e não exclusiva dos países do Cone Sul, especialmente Argentina e Chile, que muitas vezes se referem a Antártida como uma área em que os seus direitos são os mais legítimos.
Finalmente, como resultado dos grandes eventos que o Brasil sediará nos próximos anos, as Forças Armadas têm desempenhado um papel importante no cenário interno. O Rio de Janeiro vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016. A necessidade de garantir a segurança em um evento desta magnitude requer o uso dos carros blindados da Marinha para apoiar a polícia. A recuperação do controle do Estado em determinadas favelas, bairros até recentemente dominadas por traficantes de drogas, foi possível graças ao apoio militar.
Enfim, se medirmos o orçamento de defesa em relação ao PIB, o Brasil ainda investe muito pouco, apenas 1,6%.Alguns exemplos de países equivalentes como comprovado. Índia passa de 2,5%, França 2,3%, Rússia 4,4%, China 2%. Em outras palavras, os brasileiros estão gastando margem de crescimento que abre um horizonte de possibilidades para o futuro. Tal como aconteceu ao longo da história, com diferentes potências, a capacidade militar do Estado aumenta com seu crescimento econômico e as necessidades políticas. Dentro dessa lógica, o Brasil, não é excepção.
Fonte - www.esglobal.org/  ( esglobal ) ( Publicação original em espanhol )

Tradução e adaptação do texto - Pregopontocom

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