sábado, 18 de maio de 2013

Rodízio apenas não resolve a mobilidade urbana

Apenas rodízio não resolve a mobilidade urbana



Por Edmar Lyra
para o Acerto de Contas

Ontem tive a ‘brilhante’ ideia de ir da minha casa ao Carrefour da Torre. Da minha casa, em Boa Viagem, pro Carrefour da Torre são aproximadamente 12 km. Peguei o TI Aeroporto na Barão de Souza Leão e desci na integração, lá peguei o metrô sentido centro. Saí de casa por volta das 16 horas.
Na estação Aeroporto eram aproximadamente 16:20 horas. Quando cheguei na estação Largo da Paz eram 17:00 horas. Fui andando até pegar o ônibus Estrada dos Remédios e chegar no Carrefour. Foram 20 minutos de caminhada até encontrar o ônibus. Cheguei ao meu destino final às 18:00 horas. Portanto, fiz em duas horas o percurso de 12 km. Na volta saí eram 19:00 horas e cheguei na minha casa às 20:45 horas. Um total de 3:45 minutos para fazer um percurso de apenas 24 km.
Na ida o metrô tinha ar-condicionado mas o condutor não ligou, parecia que estávamos numa sauna, como se não bastasse o metrô parecia uma lata de sardinha e pra completar um dos trens estava quebrado e ficou atrasando a viagem. Perguntei a algumas pessoas que têm a necessidade de utilizar este modal diariamente e eles me disseram que esta prática é corriqueira. Também fui informado por um funcionário do Metrorec que existem cinco trens novos que a empresa simplesmente não usa.
Após muita reclamação dos passageiros, o condutor ligou o ar-condicionado mas ele ficou tendo que parar para não bater no que estava na frente que apresentava problemas. Terminou que muitos passageiros foram obrigados a pegar a linha Cajueiro Seco/Recife, que já estava completamente lotada para completar o trajeto.
Na volta, um trânsito infernal, precisei pegar o Vasco da Gama/Afogados que estava lotado, dele desci na Igreja de Afogados pra pegar o Afogados/Aeroporto. Este pra minha sorte não estava lotado, mas quando cheguei no TI Aeroporto fui obrigado a ficar 20 minutos aguardando a linha TI Joana Bezerra pra descer na Av. Conselheiro Aguiar e voltar pra casa.
No mais, há uma nítida proibição para a entrada de bicicletas nas estações de metrô, onde deveria ter na realidade um biciletário para interligar modais. O lado positivo foi ver que na Linha Sul do Metrô temos um Recife que não vemos, podendo haver a implantação de estações navegáveis a partir do metrô interligando o transporte urbano.
O que acontece no trânsito do Recife, onde circulam cerca de 3 milhões de veículos da RMR, é que o trânsito é desorganizado. São 30% dos passageiros dentro dos veículos ocupando 70% das vias. Mas como o cidadão vai largar o conforto do seu carro para entrar nos enlatados humanos?
Além do mais, quem vai se arriscar a levar quase quatro horas para percorrer um trajeto de 25 km? Mesmo que o fulano perca 3 horas no trânsito com o carro dele todos os dias, pelo menos ele está no conforto do seu veículo.
Transporte público de qualidade passa pela interligação de modais, o conforto dos passageiros e a rapidez e eficiência do mesmo. O cidadão que possui seu veículo não irá trocá-lo nestas condições sob hipótese alguma.
O rodízio de veículos deve ser discutido. E tenho a opinião de que ele deve ser implantado, mas ele sozinho não resolve o problema, apenas agrava. Porém, não adianta apenas criticar os órgãos públicos, devemos propor soluções viáveis e aqui vão elas.
- Realizar incentivos fiscais para empresas que coloquem bicicletários e vestiários para seus funcionários.
- Que disponibilizem veículos grandes (ônibus) para levar e buscar os seus funcionários.
- Empresas que atribuam o aspecto home-office para muitos de seus funcionários.
- Com o home-office, poderia haver também uma escala de folga para os respectivos funcionários durante a semana. Em vez dos mesmos trabalharem cinco dias, tiverem trabalho em dias alternados, bem como os horários.
- A liberação do habite-se para os próximos empreendimentos comerciais ou residenciais deveriam conter a obrigatoriedade de colocar um bicicletário com uma vaga de bicicleta para cada apartamento nos residenciais e bicicletário e vestiário para os empreendimentos comerciais.
- Criar campanhas de conscientização para o uso do transporte público em detrimento ao individual.
- Cobrar do Grande Recife Consórcio de Transporte o aumento da frota de veículos para diminuir a fila, a quantidade de pessoas nos veículos e o tempo de espera entre uma viagem e outra.
- Nesta mesma linha, cobrar do Metrorec um maior contingente de trens e a utilização do ar-condicionado, gerando uma multa para a linha que não utilizá-lo.
Esta ação depende da sociedade, da prefeitura do Recife, do governo do Estado e das empresas de transporte público, caso contrário, o caos se estabelecerá na cidade do Recife e adjacências. Ou melhor, já se estabeleceu!
Fonte -  do Blog Acerto de Contas 17/05/2013

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